Foto: Reprodução / Tecnoblog
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A Ame Digital, fintech criada pela Americanas em 2018, encerra oficialmente suas atividades. O BC (Banco Central) aprovou o cancelamento da licença de Instituição de Pagamento da empresa, encerrando de vez o capítulo financeiro da varejista. A decisão, publicada no Diário Oficial, marca a falência de um projeto que já foi visto como uma das apostas mais ousadas do grupo.

O fim da Ame vem após diversas tentativas fracassadas de vender ativos da fintech, incluindo o CNPJ e a própria licença regulatória. Nenhuma oferta firme apareceu. Desde julho, quando o pedido de cancelamento foi protocolado, a empresa já vinha sinalizando o desmonte do negócio.

Da expansão acelerada à retração forçada

Lançada como carteira digital, a Ame evoluiu rapidamente para uma plataforma de crédito e serviços financeiros. Comprou empresas, testou modelos de BaaS (banking as a service) e surfou a onda do varejo tech. Tudo desmoronou com a crise contábil bilionária da Americanas em 2023.

Com a credibilidade abalada e sob recuperação judicial, o grupo decidiu simplificar sua estrutura e abandonar a ideia de ser uma fintech. Parte da equipe e das operações da Ame já foi absorvida pela Americanas, que agora aposta em programas de fidelização como novo vetor de valor.

Corte de riscos, foco no core

A extinção da Ame reflete também o novo ambiente das fintechs no Brasil: margens comprimidas, regulação mais rígida e apetite menor dos investidores. Para a Americanas, o corte é estratégico — reduz riscos, enxuga custos e alinha a operação ao plano de sobrevivência pós-crise.

No lugar da ambição financeira, entra a eficiência operacional. A nova fase da varejista mira geração de caixa, integração digital e fortalecimento de marca tentando preservar o que ainda é resgatável do seu legado no consumo.

Gabriel Rios

Editor-chefe

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.