Foto: Divulgação
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O BC (Banco Central do Brasil) está avaliando a proibição do crédito rotativo em operações de Pix Parcelado como parte das regras que serão publicadas ainda em novembro. O objetivo é impedir que consumidores acumulem dívidas ao contrair múltiplos parcelamentos desse tipo sem pagar o total, segundo o chefe‑adjunto do Departamento de Competição e Estrutura de Mercado Financeiro da autarquia, Breno Lobo, durante evento da Associação Brasileira de Direito e Economia.

Conforme revelou Breno Lobo, a discussão interna inclui a restrição para que quem já contraiu parcelas do Pix Parcelado em atraso não tenha nova oferta dessa modalidade, até que a dívida pendente seja liquidada. Ele destacou que o regulador quer evitar que a nova modalidade herde falhas do cartão de crédito, e que esse ciclo não seja importado para o Pix.

BC debate padronização da oferta de crédito

Outro ponto em debate é a padronização da oferta de crédito via Pix Parcelado, que focará em clareza para o consumidor. O regulador pretende que instituições informem de forma visível a taxa de juros, valor da parcela, IOF e Custo Efetivo Total (CET). Uma das medidas previstas é que o tamanho da letra da taxa seja igual à da parcela contratada, evitando texto em “letrinhas miúdas”.

Além disso, o Banco Central aproveitou para comentar sobre esforços em antifraude: “Estamos em uma força‑tarefa para criar novas soluções, novos mecanismos de antifraude, antigolpe, aumentando a nossa fiscalização também”, afirmou Lobo ao tratar das denominas “contas‑laranjas” no Pix, segundo o “Finsiders“.

Consequências para consumidores e mercado

Se aprovada, a medida poderá mudar a dinâmica do crédito instantâneo no país. Para os consumidores, haverá maior supervisão sobre o uso do Pix Parcelado, redução de risco de superendividamento e mais clareza no custo real da operação. Para bancos e fintechs, o regulador exige um design de produto mais responsável, com controles mais rígidos e comunicação mais transparente.

A transição para a nova norma pode trazer impacto negociacional: instituições que oferecem o Pix Parcelado precisarão revisar seus modelos de crédito e adaptar suas ofertas ao novo escopo regulatório. A iniciativa reforça a tendência de o mercado financeiro brasileiro equilibrar inovação de pagamentos com proteção ao consumidor e governança mais robusta.

Gabriel Rios

Editor-chefe

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.