
O Banco Central vai desligar a plataforma usada até agora no desenvolvimento do Drex, o Real Digital. A decisão, atribuída a falhas de privacidade na tecnologia Hyperledger Besu, sinaliza uma inflexão importante na construção da moeda digital brasileira. O anúncio foi feito a participantes dos consórcios selecionados para os testes, e marca o encerramento prematuro da fase 2 do projeto.
Na prática, o BC reconhece que a infraestrutura utilizada, uma blockchain pública com controle de acesso, não atingiu os padrões esperados de segurança e confidencialidade. Agora, a fase 3, prevista para 2026, terá que começar praticamente do zero, incluindo a escolha de uma nova base tecnológica.
O que deu errado com o Drex
Lançado como um experimento ambicioso de tokenização, o Drex pretendia combinar a robustez de sistemas financeiros com a flexibilidade das blockchains. Mas, na fase prática, esbarrou em restrições regulatórias e limitações técnicas. A Hyperledger Besu, DLT usada como base, mostrou-se insuficiente para atender às exigências de privacidade no modelo de entrega contra pagamento (DvP).
Apesar da decisão, o Banco Central reforçou que o projeto segue ativo. A suspensão da atual plataforma, no entanto, representa um freio de arrumação. O relatório da fase 2 ainda não foi publicado, e a indefinição sobre a tecnologia para a próxima etapa levanta dúvidas sobre o cronograma.
E agora, Drex?
O desligamento da infraestrutura não significa o fim do Real Digital, mas reabre um debate central: é possível construir um sistema financeiro digital realmente seguro e interoperável usando blockchains públicas? A resposta ainda está longe, e o mercado terá papel decisivo nos próximos testes.
Com o projeto já em seu quarto ano, o BC agora parece mais disposto a recalibrar escopo e expectativas. Se a promessa do Drex é grande, os aprendizados técnicos e os tropeços também são.