A Paxos, emissora da stablecoin PYUSD em parceria com o PayPal, cometeu um dos erros mais impressionantes do universo cripto: cunhou acidentalmente US$ 300 trilhões em tokens digitais. A falha ocorreu durante uma operação interna e durou cerca de 20 minutos até ser identificada e corrigida. A própria empresa confirmou o ocorrido, classificando-o como um erro técnico sem impacto nos fundos de clientes.
A stablecoin PYUSD é atrelada ao dólar americano na proporção de 1:1 e, por isso, qualquer emissão fora do padrão levanta dúvidas sobre a integridade do sistema. Embora a Paxos tenha “queimado” imediatamente os tokens excedentes, o valor acidentalmente gerado era tão alto que superava mais que o dobro do Produto Interno Bruto global.
Stablecoin do PayPal e credibilidade digital
O caso reacende debates sobre a governança de stablecoins e os riscos operacionais envolvidos. Mesmo que os ativos sejam apresentados como versões digitais e estáveis do dólar, a capacidade de criar, ainda que por engano, uma quantia tão desproporcional coloca em xeque os mecanismos de controle dessas plataformas.
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Mais do que números, o episódio gerou um ruído simbólico. O erro ficou visível em ferramentas públicas de monitoramento de blockchain, o que ampliou sua repercussão. Nenhum recurso foi transferido a clientes, e a falha foi contida rapidamente. Mas o susto mostra que, mesmo em ambientes automatizados e auditáveis, lapsos técnicos podem ter efeitos relevantes sobre a confiança.
O impacto vai além da correção técnica
A Paxos afirma ter resolvido a causa raiz do problema e reiterou que não houve violação de segurança. No entanto, o incidente surge em um momento delicado: a própria empresa já havia enfrentado sanções regulatórias recentemente, envolvendo sua atuação com a Binance.
Agora, cresce a pressão por padrões mais robustos de auditoria, transparência e certificação de lastro no setor de stablecoins. A mensagem é clara: no universo cripto, estabilidade não pode ser apenas uma promessa de marca. Precisa ser demonstrada linha por linha de código.
Editor-chefe
Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.
