
O banco digital britânico Monzo deu um passo decisivo para sua expansão internacional ao obter uma licença bancária completa da União Europeia, concedida pelo Banco Central Europeu (BCE) em conjunto com o Banco Central da Irlanda (CBI). Com isso, a fintech passa a ter autorização para operar como banco em todos os países do bloco e já abriu uma lista de espera para clientes irlandeses.
Fundada em 2015 e regulada no Reino Unido desde 2017, a Monzo construiu uma base sólida em seu mercado de origem. Atualmente, a instituição atende mais de 14 milhões de clientes pessoa física e cerca de 800 mil empresas, consolidando-se como um dos principais bancos digitais da Europa.
A nova licença marca o início de uma estratégia para replicar esse modelo fora do Reino Unido, em um momento de maior consolidação e competição entre neobancos no continente.
Expansão europeia da Monzo começa pela Irlanda
A Irlanda será o primeiro mercado da nova fase. A escolha não é casual: além de abrigar a sede europeia da Monzo, em Dublin, o país se tornou um polo relevante para fintechs que buscam acesso regulatório ao mercado europeu. Nos próximos meses, clientes locais poderão solicitar contas pessoais, conjuntas, empresariais, infantis e de poupança, todas com IBAN irlandês e acesso imediato aos serviços.
A proposta segue a mesma lógica que impulsionou o crescimento da Monzo no Reino Unido: contas sem taxa de manutenção, ferramentas nativas de orçamento, recursos de poupança integrados e foco em experiência digital. Segundo Elaine Deehan, gerente da Monzo na Irlanda, o banco aposta em um público já habituado a soluções digitais e que valoriza simplicidade na gestão financeira.
Um movimento estratégico no mercado bancário europeu
Mais do que um lançamento local, a licença europeia reposiciona a Monzo no tabuleiro bancário do continente. Diferentemente do período pós-Brexit, quando bancos britânicos perderam o chamado “passporting” para operar livremente na UE, a fintech agora passa a competir em igualdade regulatória com instituições sediadas no bloco.
O movimento também reflete uma mudança de fase do setor. Após anos focadas em crescimento acelerado e aquisição de usuários, muitas fintechs europeias passaram a priorizar licenças completas, sustentabilidade e profundidade de produto. Ter autorização direta do BCE permite à Monzo oferecer uma gama mais ampla de serviços, reduzir dependência de parcerias bancárias locais e ganhar escala com maior eficiência regulatória.
A expansão, no entanto, tende a ser gradual. O desafio não está apenas em replicar tecnologia, mas em adaptar produtos, comunicação e compliance a mercados com hábitos bancários, competição e regulação distintos. Ainda assim, a licença da UE coloca a Monzo em uma posição privilegiada para disputar espaço em um mercado bancário europeu cada vez mais digital e cada vez mais disputado.