US$ 2 bilhões

Ebury, do Santander, retoma plano de IPO em Londres

Santander exige valuation mínimo; oferta pode sair no 2º tri de 2026 com Barclays, Goldman Sachs e Peel Hunt

Foto: Divulgação
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A Ebury, plataforma de pagamentos transfronteiriços para PMEs controlada pelo Santander, voltou ao projeto de abrir capital em Londres com uma avaliação-alvo de US$ 2 bilhões. A janela estimada é o segundo trimestre de 2026.

A primeira tentativa, prevista para o início deste ano, foi adiada em meio à volatilidade causada pelo novo regime global de tarifas. Agora, a companhia reaquece conversas com bancos coordenadores — Barclays, Goldman Sachs e Peel Hunt — enquanto o Santander sinaliza que não dará aval se o preço de tela ficar abaixo do patamar de US$ 2 bilhões.

Em 2019, o Santander comprou 50,1% da Ebury por £ 350 milhões e, desde então, integrou o negócio à sua plataforma PagoNxt. O redesenho estratégico aproximou a Ebury do ecossistema de pagamentos do grupo, mantendo foco em câmbio, contas internacionais e liquidação cross-border para pequenas e médias empresas, um nicho que requer capital, escala regulatória e distribuição bancária para competir com fintechs independentes.

O plano de Ebury e Santander

Para avançar, o plano depende de três condições. Primeiro, validação de valuation: investidores precisarão precificar a Ebury no nível exigido pelo acionista de referência, num mercado que ainda seleciona histórias com lucratividade clara, qualidade de receita e retenção alta. Segundo, janela macro: trajetória de juros, câmbio e geopolítica seguem determinantes para o apetite por listagens de tech/finanças em Londres. Terceiro, execução operacional: crescimento em base de PMEs, mix de produtos (FX, contas, pagamentos) e disciplina de risco em mercados voláteis.

Do lado positivo, a Ebury chega respaldada por um banco global, com infraestrutura de compliance e acesso a clientes corporativos no varejo e no middle market do Santander, alavancas que podem reduzir custo de aquisição e fortalecer margens. A integração à PagoNxt também oferece sinergias de produto e tecnologia, além de um pipeline natural de cross-sell.

O desafio é converter esse arcabouço em narrativa de crescimento previsível e rentabilidade sustentável, mostrando que a escala bancária não engessa a velocidade de produto. Se a combinação de marca, distribuição e governança bancária convencer o buy side, a Ebury pode reabrir caminho para outros listings fintech em Londres, um mercado que busca novas histórias-âncora.

Gabriel Rios

Editor-chefe

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.