
A fintech mexicana Plata deu um passo decisivo em sua trajetória rumo ao status de banco digital ao anunciar um financiamento de até US$ 500 milhões estruturado pelo banco japonês Nomura Securities International. A operação é a maior já realizada por uma empresa mexicana de serviços financeiros digitais e marca a entrada inédita de um banco de investimentos japonês em uma transação dessa magnitude no ecossistema fintech do país.
O movimento ocorre em um momento-chave para a Plata, que se prepara para iniciar formalmente suas operações como banco. A empresa obteve sua licença como Instituição Bancária Múltipla em dezembro de 2024 e aguarda apenas a autorização final dos reguladores para começar a operar plenamente.
Segundo a companhia, o processo regulatório vem sendo conduzido desde 2022, com auditorias contínuas e adequação às exigências do sistema financeiro mexicano.
Fintech e a corrida para virar banco
O financiamento liderado pela Nomura reforça uma tendência clara no mercado latino-americano: fintechs maduras estão deixando de atuar apenas como plataformas financeiras para disputar espaço como bancos completos, com balanço próprio, capacidade de crédito e acesso direto a funding institucional.
No caso da Plata, o capital obtido permitirá fortalecer a infraestrutura tecnológica, ampliar a capacidade operacional e sustentar o início das operações bancárias com disciplina financeira. “A confiança de uma instituição como a Nomura confirma a solidez do modelo que construímos e a capacidade do México de atrair investimentos globais”, afirmou Neri Tollardo, CEO da empresa, segundo o “The Economist“.
O interesse internacional não surgiu agora. Desde sua chegada ao México, em 2022, a Plata já levantou mais de US$ 1,6 bilhão entre capital e financiamento institucional. O histórico inclui linhas de crédito com a Fasanara Capital e a Lumina Capital, além de uma emissão de títulos nos mercados de capitais nórdicos. Em outubro do ano passado, a fintech concluiu uma rodada de US$ 250 milhões que dobrou sua avaliação para US$ 3,1 bilhões.
México no radar do capital global
A entrada da Nomura também sinaliza algo maior do que uma aposta isolada em uma fintech. O México vem se consolidando como um dos mercados mais relevantes para serviços financeiros digitais na América Latina, combinando escala, demanda por inclusão financeira e um ambiente regulatório que, embora rigoroso, oferece previsibilidade.
A Plata afirma ter investido mais de US$ 1 bilhão no país e criado mais de 3.000 empregos desde o início da operação, com foco especial em engenharia e tecnologia financeira. Atualmente, a empresa atende mais de 2,5 milhões de clientes ativos, apoiada por um modelo híbrido que combina operações digitais com processos presenciais de verificação.
Com a licença bancária no horizonte e um dos maiores financiamentos já vistos no setor, a Plata entra em uma nova fase. Mais do que crescer como fintech, a empresa agora se posiciona para competir em um jogo maior, o de bancos digitais com musculatura financeira, governança regulatória e ambição regional.