
As fintechs brasileiras captaram US$ 2,38 bilhões entre junho de 2024 e junho de 2025, em 125 rodadas — queda de 19% no número de operações, mas com volume estável. O retrato, traçado por estudo do Sling Hub em parceria com o Torq (núcleo de inovação aberta da Evertec Brasil), mostra uma fotografia de maturidade: menos cheques, tickets maiores e investidores locais puxando a fila.
No ranking de maiores captações, a Cloudwalk lidera com dois FIDCs de US$ 549 milhões e US$ 444 milhões, que tiveram participação de Itaú, Banco do Brasil, BTG e Safra. No equity, o destaque fica com a Série C da Asaas, de US$ 150 milhões, liderada pela BOND, com SoftBank, 23S Capital e Endeavor Catalyst.
O levantamento também aponta quem mais investiu: Itaú fez 8 aportes e a B3, via fundo L4, realizou 7; em seguida aparecem a Norte Ventures (6) e, com 4 investimentos cada, Bossa Invest, Credit Saison, Endeavor, Maya Capital, QED Investors e SRM Asset.
Fintechs: efeito maturidade e o peso do capital local
O estudo evidencia uma assimetria regional. No Brasil, a maior parte dos investidores em dívida é local; no equity, há divisão quase meio a meio entre nacionais e internacionais. Já na América Latina (ex-Brasil), prevalecem investidores de fora tanto em dívida quanto em equity.
A explicação está no estágio de desenvolvimento: com um ecossistema mais maduro, o Brasil sustenta captação doméstica em fases mais avançadas; nos vizinhos, o late-stage ainda depende fortemente de capital estrangeiro.
Os números reforçam: o país conta hoje com 2.057 fintechs ativas, contra 1.886 no restante da região. Ainda assim, nos 12 meses até junho, a América Latina somou 116 rodadas e US$ 2,77 bilhões — alta de 49% no volume — impulsionada por operações como a dívida da Konfio (US$ 364,2 milhões) e a Série E da Ualá (US$ 300 milhões).
Entre os investidores mais ativos na região aparecem BBVA e Kaszek (6 aportes cada), seguidos por Endeavor e Goldman Sachs (5), além de Citi, Monashees, Parallel18, Quona Capital e Y Combinator (3 cada).
Para o mercado, a leitura é clara: o ciclo atual privilegia qualidade de ativos, originação de crédito com funding estruturado (caso dos FIDCs) e equity seletivo em plataformas com escala comprovada. Em paralelo, o avanço do CVC robusto — com nomes como Itaú, B3 e grandes corporações — consolida o Brasil como hub de financiamento para fintechs em fases mais avançadas, enquanto a região acelera na base e no middle-stage.