
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) deflagrou na manhã desta quinta-feira (25) nova ofensiva contra uma estrutura de lavagem que, segundo as investigações, usava a BK Bank como eixo financeiro. A fintech, já citada na Operação Carbono Oculto, teria funcionado como “banco paralelo” do PCC para movimentar recursos oriundos de jogos de azar e da cadeia de combustíveis adulterados.
BK Bank no centro do esquema, segundo o MPSP
A apuração partiu da apreensão de maquininhas em casas de jogo em Santos e rastreou valores que migravam para contas vinculadas à BK Bank, ocultando origem e destino. O alvo principal, o empresário Flávio Silvério Siqueira, é apontado como articulador de um mosaico de pessoas físicas e jurídicas que operavam uma contabilidade paralela. A operação cumpre 25 mandados em municípios da Grande São Paulo e do litoral, com apoio da Receita Federal, Secretaria da Fazenda, PGE e Polícia Militar, segundo o “Metrópoles”.
O esquema atuava da importação à bomba: metanol entraria irregularmente no País, seria desviado para adulteração e comercialização, e a renda circulava por estruturas formais. A Receita mapeou ao menos 267 postos ainda ativos que, entre 2020 e 2024, movimentaram R$ 4,5 bilhões e recolheram R$ 4,5 milhões em tributos federais (0,1%). Administradoras de postos somaram R$ 540 milhões no período. A diversificação incluía franquias (R$ 1 bilhão movimentado; R$ 25 milhões em tributos e R$ 88 milhões em dividendos) e mais de 60 motéis (R$ 450 milhões; R$ 45 milhões distribuídos), além de operações imobiliárias via SCPs que teriam girado R$ 260 milhões.
Luxo, retificações e conexões
Com o dinheiro, o grupo teria adquirido bens de alto valor: iate de 23 metros, dois helicópteros (um Augusta A109E), Lamborghini Urus e terrenos de motéis avaliados em mais de R$ 20 milhões. A Receita identificou ainda retificações simultâneas de declarações de IR para inflar a ficha de bens sem renda correspondente, elevando em cerca de R$ 120 milhões o patrimônio informado por familiares do principal alvo. As conexões alcançam a Carbono Oculto, a Rei do Crime e a Operação Cadeia de Carbono, com apreensão recente de cargas avaliadas em R$ 240 milhões no Porto do Rio.
A ofensiva atual, batizada de “Spare”, é apresentada como o “segundo arremesso” após a Carbono Oculto. Em nota anterior, a BK Bank afirmara ser autorizada e fiscalizada pelo Banco Central, atuar com padrões rígidos de compliance e estar à disposição das autoridades. As investigações seguem sob sigilo, e a extensão das responsabilizações deve emergir à medida que perícias fiscais e financeiras avancem.