
O fundador e CEO do Nubank, David Vélez, afirmou que os clientes da fintech deixaram de pagar R$ 111 bilhões em tarifas bancárias desde a criação da empresa, há 12 anos. A declaração foi feita em conversa com jornalistas e sucede uma troca pública de críticas entre o Nubank e a Federação Brasileira das Associações de Bancos (Febraban).
Segundo Vélez, os R$ 111 bilhões economizados estariam “no bolso do oligopólio bancário que existia em 2013”, antes da chegada de novos modelos digitais ao mercado financeiro. Ele ressalta que a participação dos cinco maiores bancos no total de receitas caiu de 81% para 71% nesse período, uma alteração que, na visão do executivo, beneficiou consumidores, acionistas do Nubank e a concorrência no setor.
O CEO destacou ainda que, desde o IPO (oferta pública inicial de ações), tanto o lucro quanto as receitas da fintech cresceram dez vezes, com cerca de 80 milhões de clientes na base. A empresa reporta receitas de US$ 4,2 bilhões e lucro bruto de US$ 1,8 bilhão.
A presidente do Nubank no Brasil, Lívia Chanes, acrescentou que a fintech contribuiu para a inclusão financeira de milhões de pessoas. “Entre 28 milhões e 30 milhões de clientes fizeram sua primeira compra com cartão de crédito usando um plástico da nossa base”, disse, enfatizando que o Nubank vem conquistando cada vez mais clientes que o consideram seu banco principal.
Nubank busca licença bancária no Brasil e no exterior
Vélez e Lívia também comentaram o plano da empresa de obter uma licença bancária completa no Brasil. A fintech está avaliando todas as opções, que incluem solicitar diretamente ao Banco Central ou adquirir uma instituição financeira já licenciada, neste último caso, uma empresa de menor porte, exclusivamente para atender ao requisito regulatório.
Segundo o CEO, a decisão de buscar a licença foi impulsionada pela nova regra do Banco Central que restringe o uso do termo “bank” por instituições que não tenham licença bancária específica. Apesar disso, ele minimizou o impacto operacional da mudança: “Uma licença bancária não altera nossa forma de operação, nem nossos produtos”, afirmou.
Nos Estados Unidos, onde o Nubank também busca licença bancária, Vélez disse que o processo tem avançado mais rápido do que o esperado, contrariando estimativas iniciais de dois a três anos para conclusão.
Ele ressaltou a importância do mercado americano, responsável por cerca de metade do mercado financeiro global, e afirmou que o modelo de expansão por lá seguirá a mesma lógica usada no México e na Colômbia, começando por produtos como o cartão antes de ampliar o portfólio.
Estratégia internacional e competitividade
Vélez destacou a internacionalização como foco para 2026, embora tenha sido cauteloso ao não nomear os próximos países alvo. Ele comparou mercados, citando que o sistema de pagamentos instantâneos no México ainda não atingiu a maturidade observada no Brasil com o Pix, enquanto a Colômbia tem avançado mais nesse sentido.
O executivo também defendeu a contratação de Roberto Campos Neto, ex‑presidente do Banco Central, como parte da equipe, um movimento que, na visão de Vélez, traz “alto conhecimento” e será útil no processo de expansão global da fintech.
Ao longo do encontro com jornalistas, Vélez repetiu que a prioridade do Nubank é o cliente, e não os concorrentes.
“Nossa obsessão é com nosso cliente e, em reuniões internas, quase não se fala de outros bancos”, disse, segundo o “Terra”. A mensagem sublinha a postura da fintech em se apresentar não apenas como banco digital, mas como alternativa competitiva e orientada por tecnologia para o sistema financeiro tradicional.