Bancões irlandeses

Zip Pay une bancos contra o domínio da Revolut

Com lançamento previsto para 2026, app de pagamentos quer proteger a relevância dos bancões na era do instantâneo

Zip Pay e Revolut
Foto: Divulgação

O Zip Pay é mais que um novo app de pagamentos. É uma resposta institucional ao avanço silencioso e massivo da Revolut na vida dos consumidores irlandeses. AIB, Bank of Ireland e PTSB, os três maiores bancos de varejo do país, decidiram unir forças para lançar uma plataforma própria de transferências P2P, mirando diretamente no território da fintech.

O plano é simples e ambicioso: integrar o Zip Pay aos apps móveis já utilizados por seus cinco milhões de clientes, garantindo tração imediata e evitando o erro da tentativa anterior, o fracassado Synch Payments. Desta vez, o app não será um produto separado, será uma funcionalidade nativa, com onboarding automático e usabilidade direta via contatos do celular.

Zip Pay como escudo contra a desintermediação

A lógica por trás do Zip Pay é clara: os bancos querem evitar que o consumidor transfira seu relacionamento financeiro para fora do ambiente tradicional. Com a Revolut se consolidando como carteira, conta, cartão e app social de pagamentos, os bancos estavam perdendo relevância no dia a dia financeiro, e agora tentam recuperar terreno com conveniência e escala.

O novo serviço permitirá enviar até €1.000 por dia ou solicitar até €500 por transação, sem precisar inserir IBAN ou dados bancários. Bastará saber o número de telefone. A infraestrutura será operada pela Nexi, mesma fornecedora contratada no projeto anterior.

A expectativa é que, após o lançamento, o Zip Pay esteja disponível para qualquer instituição financeira irlandesa com app e conta IBAN. Ou seja, pode se tornar uma rede de pagamentos mais ampla — se o consumidor topar usar.

A guerra dos pagamentos não é só sobre tecnologia. É sobre quem controla a jornada financeira. E os bancos, pela primeira vez em anos, decidiram jogar em grupo.

Gabriel Rios

Editor-chefe

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.