Acordo feito

Anthropic paga US$ 1,5 bi em batalha por direitos autorais

Startup de IA fecha maior acordo da história dos EUA envolvendo uso ilegal de obras literárias no treinamento de algoritmos

Anthropic
Foto: Divulgação

A Anthropic, uma das principais apostas do Vale do Silício em inteligência artificial generativa, acaba de fechar um acordo de US$ 1,5 bilhão em um processo histórico sobre violação de direitos autorais. A empresa foi acusada de usar cerca de 500 mil livros pirateados para treinar seu modelo Claude e, embora não tenha admitido culpa, aceitou destruir milhões de cópias ilegais armazenadas em seus servidores.

Trata-se da maior recuperação financeira já registrada em uma ação de copyright nos Estados Unidos, de acordo com o “pymnts”. E um sinal claro de que a era da IA sem fronteiras começa a encontrar seus limites jurídicos.

Anthropic e o custo da desordem criativa

O caso começou em 2023, movido por um grupo de escritores que incluía nomes como Andrea Bartz e Kirk Wallace Johnson. Eles alegaram que a Anthropic — empresa apoiada por Amazon e Alphabet — treinou seus sistemas com acervos inteiros de livros extraídos de sites piratas. Cada obra envolvida no processo será indenizada com valores a partir de US$ 3.000.

A empresa afirma continuar comprometida com o desenvolvimento de IA segura e responsável. Mas o episódio impôs um desafio à narrativa pública da Anthropic, que recentemente ampliou sua atuação com a criação de um centro global de IA financiado pela Amazon.

No centro do embate estava o conceito de “fair use”, ou uso justo. O juiz responsável pelo caso reconheceu que o uso de obras protegidas poderia ser aceito se resultasse em algo “altamente transformador” — mas deixou claro que recorrer a pirataria em larga escala para treinar IA está fora dessa exceção.

O que vem depois da Anthropic?

Além de impactar diretamente a Anthropic, o acordo abre um precedente jurídico para outros processos em andamento. OpenAI, Microsoft e Meta já enfrentam ações similares. Autores como George R.R. Martin e John Grisham também entraram na disputa por compensações.

A Anthropic fará quatro pagamentos escalonados, iniciando com US$ 300 milhões nos primeiros cinco dias após homologação judicial. Se mais livros forem identificados, o valor pode ultrapassar os US$ 1,5 bilhão previstos.

A decisão inaugura uma nova fase para o setor: quem quiser treinar IA com conteúdo criativo vai ter que pagar o preço financeiro e reputacional.