Foto: Freepik
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A inteligência artificial deixou de ser apenas uma tendência para se tornar fator crítico na avaliação de investimentos. Essa é a leitura da Blackstone, uma das maiores gestoras de ativos do mundo. Em evento recente em Londres, o presidente da empresa, Jonathan Gray, afirmou que o impacto da IA sobre o mundo dos negócios está sendo subestimado por Wall Street.

Segundo ele, o avanço acelerado da tecnologia pode tornar obsoletos modelos inteiros, especialmente em setores baseados em regras, como jurídico, contábil, processamento de sinistros e operações transacionais. Por isso, a orientação interna da Blackstone é clara: todos os memorandos de investimento agora devem tratar o tema IA logo nas primeiras páginas.

Gray reconhece que há exageros de mercado, com startups deficitárias recebendo avaliações infladas, mas destaca que esse ruído não pode obscurecer a transformação estrutural em curso. Ele compara o momento atual à bolha das pontocom, mas faz um alerta: mesmo se os preços caírem, os efeitos da IA vão permanecer e remodelar indústrias inteiras.

Blackstone inclui IA no centro da análise de risco

Para a Blackstone, o risco maior não está no estouro de uma possível bolha, mas na inércia dos investidores diante de um cenário de ruptura profunda. O desafio, agora, é antecipar quais empresas correm mais risco de desvalorização, não por má gestão, mas porque seus modelos serão simplesmente superados por soluções mais rápidas, baratas e escaláveis.

O discurso de Gray ecoa o de Jeff Bezos, que recentemente classificou o momento atual como uma bolha industrial, não financeira. Ou seja, mesmo com má alocação de capital em algumas apostas, o avanço tecnológico é real e inevitável.

A Blackstone já está incorporando esse raciocínio às suas decisões, redirecionando a análise de risco setorial, com foco especial em áreas que podem ser transformadas por automação, machine learning e IA generativa. O movimento marca uma nova fase no relacionamento entre capital e tecnologia e muda o que significa, de fato, ser um negócio resiliente.

Gabriel Rios

Editor-chefe

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.