
A Perestroika, escola de criatividade com mais de 200 mil alunos desde 2007, acaba de fazer um movimento que mistura ousadia, estratégia e provocação: colocou uma IA no seu conselho executivo. O CAIO (Chief Artificial Intelligence Officer) participa das reuniões semanais junto com CEO, COO e CCO, e suas análises já influenciam decisões de negócio.
A ideia surgiu como uma experiência, mas logo virou prática formal. “Começou teatral, virou natural”, resumiu Jean Rosier, sócio e Chief Creative Officer, durante o Web Summit Lisboa, segundo o “Startups”. A IA entrou para ajudar com dados, projeções e análises, funções que muitos conselheiros humanos não dominam em profundidade.
IA como conselheira estratégica
Rodando via Zoom, com prompts cuidadosamente formulados, o CAIO da Perestroika foi alimentado com histórico da empresa, cultura organizacional, metas e dados financeiros. Ganhou também uma configuração específica: nada de bajulação. O foco é pensamento crítico, pragmatismo e sugestões acionáveis.
Segundo Jean, a IA ajudou a “reembalar” cursos para o público B2B, ajustar narrativas de vendas e propor novas formas de apresentar ROI e soft skills com base em benchmarks globais. O resultado? Propostas mais concretas, mais alinhadas ao momento do mercado.
A guinada não é só estética. Hoje, 70% dos negócios da Perestroika vêm do B2B, com cursos online ou híbridos, uma transição relevante para quem nasceu no presencial. Jean também apresentou no evento a palestra “AI acelera, humanos diferenciam”, um desdobramento do seu livro Criatividade Hackeada, em que defende a IA como catalisadora da inteligência humana, não substituta.
Em tempos de hype sobre IA, poucos têm coragem de dar um lugar real à tecnologia nas decisões de alto nível. A Perestroika decidiu ir além da retórica e, no processo, colocou o Brasil na conversa global sobre como reinventar o uso da IA nas empresas.