
A OpenAI está silenciosamente construindo a próxima geração de analistas bancários, só que em forma de algoritmo. A empresa liderada por Sam Altman recrutou mais de 100 ex-banqueiros de investimento para treinar um modelo de IA capaz de executar tarefas rotineiras em bancos, como modelagem financeira e preparação de materiais de M&A.
O projeto, batizado de Mercury, envolve profissionais de casas como JPMorgan, Goldman Sachs e Morgan Stanley. Eles recebem US$ 150 por hora para construir modelos e escrever prompts didáticos, que alimentam o sistema com inteligência prática de mercado.
A missão da IA é clara: automatizar as tarefas que hoje tomam noites e fins de semana de analistas juniores. Isso inclui desde ajustes exaustivos em apresentações até cálculos complexos de reestruturações e ofertas públicas. O modelo é treinado para entender não só a lógica dos números, mas também os padrões de formatação, estilo e revisão adotados no setor.
O processo de seleção reflete o espírito da iniciativa: quase todo feito por IA. Entrevistas iniciais são conduzidas por chatbots, seguidas de testes técnicos e desafios de modelagem no Excel, com direito a feedback e ajustes antes da integração final ao sistema.
O olhar da OpenAI
Com a rotina de 80 horas semanais ainda sendo a realidade de muitos bancos, a OpenAI vê na automação uma forma de aumentar eficiência e atrair novos clientes corporativos. Mas o projeto também reacende o debate sobre segurança no trabalho. Analistas júnior, historicamente a base da pirâmide no investment banking, podem estar diante de um ponto de inflexão.
Apesar dos riscos, a OpenAI aposta que a IA será mais aliada do que vilã. O discurso oficial enfatiza a “transformação da força de trabalho”, mas o modelo em desenvolvimento tem um objetivo explícito: substituir tarefas humanas por processos automatizados e replicáveis.
Se a iniciativa vingar, o Excel das madrugadas de Wall Street pode estar prestes a ganhar um copiloto que nunca dorme.