Foto: Reprodução
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O Banco da Inglaterra propôs nesta semana um limite para a posse individual de stablecoins. Segundo o documento de consulta, o teto seria de 20 mil libras (cerca de US$ 26 mil) por pessoa, enquanto empresas, com exceção de setores estratégicos, poderiam manter até 10 milhões de libras. A medida é parte do esforço do Reino Unido para estruturar seu regime regulatório sobre ativos digitais com estabilidade de valor.

A proposta mira apenas stablecoins consideradas “sistemicamente importantes”, ou seja, com potencial de gerar riscos maiores à estabilidade financeira se adotadas em larga escala, segundo o “PYMNTS”.

Posição do Banco da Inglaterra

A posição marca uma guinada cautelosa, porém mais aberta, do Banco da Inglaterra. A vice-governadora de Estabilidade Financeira, Sarah Breeden, afirmou que o objetivo é “apoiar a inovação e construir confiança” nesse novo formato de dinheiro digital. O documento reconhece o potencial das stablecoins para tornar pagamentos mais rápidos, baratos e eficientes, e também para competir com modelos bancários tradicionais.

O movimento segue uma sequência de declarações do próprio presidente do banco central, Andrew Bailey. Em julho, ele rejeitava o uso de stablecoins como alternativa viável ao dinheiro de bancos comerciais. Já em outubro, num artigo publicado no Financial Times, admitiu que o sistema financeiro “não precisa continuar organizado como é hoje”.

Timing regulatório e cenário global

A proposta britânica surge no mesmo momento em que os EUA começam a ver uma escalada no uso real das stablecoins. Em agosto, mais de US$ 10 bilhões circularam em pagamentos e transferências com esses ativos, o dobro do volume registrado no mesmo mês de 2024.

Enquanto a tecnologia avança, o Reino Unido busca estabelecer limites claros. E o recado é direto: stablecoin sim, mas sob regras que evitem riscos sistêmicos.

Gabriel Rios

Editor-chefe

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.