
O BBVA decidiu acelerar de vez sua estratégia de inteligência artificial ao anunciar a expansão do uso do ChatGPT Enterprise para todos os seus 120 mil funcionários. A iniciativa marca um novo estágio da parceria do banco com a OpenAI e sinaliza uma aposta estrutural em produtividade, automação e personalização de serviços financeiros.
O grupo bancário espanhol já vinha trabalhando com a OpenAI há quase dois anos. Até então, cerca de 11 mil colaboradores utilizavam o ChatGPT Enterprise em projetos-piloto. Os resultados levaram o banco a ampliar a implementação: mais de 80% desses usuários passaram a usar a ferramenta diariamente, com relatos de economia média de quase três horas por semana em tarefas rotineiras.
Segundo o BBVA, a decisão de escalar a tecnologia representa um “passo decisivo rumo a um novo modelo de produtividade impulsionado por IA”, incorporando a inteligência artificial de forma transversal às operações do banco.
Aliança do BBVA com OpenAI
A aliança com a OpenAI vai além do licenciamento da ferramenta. O acordo prevê um nível aprofundado de colaboração, no qual a OpenAI passa a atuar diretamente na cocriação de soluções que acelerem a transformação do BBVA em um banco orientado por dados e IA.
Na prática, isso garante ao BBVA acesso prioritário a modelos mais avançados, talentos especializados e novos recursos da OpenAI. O objetivo é integrar a inteligência artificial de forma nativa aos processos críticos do banco, desde atendimento ao cliente até análise de risco e desenvolvimento de software.
Para Carlos Torres Vila, presidente do BBVA, a parceria é central para redefinir a experiência bancária. Segundo ele, a integração da IA permitirá criar serviços mais inteligentes, proativos e personalizados, capazes de antecipar as necessidades dos clientes.
IA no relacionamento com clientes e no core bancário
O banco já começou a testar aplicações voltadas diretamente ao consumidor final. Recentemente, apresentou um conceito de aplicativo conversacional integrado ao ChatGPT, que permite aos clientes obter informações sobre produtos e serviços financeiros de forma mais intuitiva. A parceria também prevê o desenvolvimento de ferramentas que apoiem gerentes de relacionamento, ampliando a capacidade de personalização no atendimento.
Além da frente comercial, o BBVA planeja aplicar a IA na otimização de processos internos, como análise de risco, operações financeiras e engenharia de software. A proposta é reduzir fricções operacionais e elevar a eficiência em áreas historicamente complexas do banco.
Um dos projetos mais ambiciosos em andamento é a criação de um “alter ego” digital para os funcionários, um assistente proativo que aprende a forma de trabalho de cada colaborador, memoriza projetos em andamento e executa tarefas com autorização e supervisão humanas.
Um novo patamar para a adoção de IA em bancos
Para a OpenAI, o BBVA se posiciona como um dos exemplos mais avançados de adoção de inteligência artificial no setor financeiro. Sam Altman, CEO da empresa, afirma que o banco demonstra ambição e velocidade raras entre grandes instituições, ao incorporar a IA diretamente no núcleo de seus produtos e operações.
A expansão da parceria reforça uma tendência clara no sistema financeiro global: a inteligência artificial deixa de ser um experimento periférico e passa a ocupar um papel central na estratégia dos grandes bancos. No caso do BBVA, a aposta indica que a competição futura não será apenas por capital ou escala, mas também por quem conseguir integrar a IA de forma mais profunda, segura e eficiente ao dia a dia do negócio.