
A Colômbia ligou a chave do Bre-B, sua nova infraestrutura nacional de pagamentos instantâneos. O sistema, desenhado e operado pelo Banco de la República, iniciou na terça-feira (23) uma etapa controlada para testar interoperabilidade entre bancos, fintechs e carteiras, e avança para operação em massa em 6 de outubro. A promessa é clara: transferências P2P e P2M em tempo real, 24/7, com baixo custo e experiência unificada dentro dos apps já usados pelo cliente.
O Bre-B não é um aplicativo separado, mas um trilho comum integrado aos canais das instituições participantes. O usuário verá um “botão” ou “zona Bre-B” nos aplicativos existentes e poderá enviar e receber em segundos. A largada já vem com base relevante: 35,7 milhões de chaves registradas por 14,5 milhões de usuários (média de 2,4 por pessoa) e 21,2 milhões de meios de pagamento vinculados. Ao todo, 227 instituições compõem o ecossistema, o que reduz fricções típicas de lançamentos fragmentados.
Bre-B: preço, inclusão e incentivos de rede
Para destravar adoção, o Banco de la República isentará as tarifas que cobra do ecossistema por pelo menos três anos. Em um mercado onde transferências interbancárias tradicionais podem ter custo elevado por operação, a política de preço zero funciona como estímulo a pequenos pagamentos e acelera a migração do dinheiro físico para os trilhos digitais. A aposta é que a pegada digital resultante amplie o acesso a serviços financeiros e crie efeitos de rede entre consumidores e comerciantes.
Como todo sistema instantâneo, o desafio imediato é a fraude. Liquidação em tempo real restringe reversões e exige prevenção desde o primeiro dia, com monitoramento, autenticação robusta e educação do usuário. A integração tecnológica de 227 participantes também é um teste de estresse, assim como a gestão de limites: embora o teto do sistema seja de COP 11,5 milhões por transação, cada instituição pode adotar valores mais baixos, criando assimetrias na experiência.
Competição e reacomodação
A chegada do Bre-B reorganiza um mercado que já contava com soluções P2P privadas. A expectativa é de substituição gradual das transferências de consumo, enquanto players existentes se reposicionam em nichos B2B.
O desenho colombiano aprende com referências como Pix e UPI: interoperabilidade obrigatória, custo baixo, UX simples e lançamento em fases para mitigar riscos. Se entregar segurança e estabilidade, o Bre-B tende a se tornar padrão nacional para pagamentos digitais.