Foto: Reprodução
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O sistema de pagamentos instantâneos Bre‑B, uma espécie de “Pix colombiano”, não é apenas uma inovação técnica: ele já representa uma mudança cultural profunda no cotidiano financeiro da Colômbia. Um estudo nacional de adoção, conduzido nas semanas iniciais do lançamento, mapeou quem está usando o Bre‑B, em que situações e quais os maiores obstáculos para sua massificação.

Em uma pesquisa online aplicada entre os dias 20 e 30 de outubro de 2025, a 1.166 colombianos de 18 a 65 anos com conta ou carteira digital, 58% afirmaram ter realizado uma transferência por “chaves” nos últimos 15 dias.

Adesão ao Bre-B

A adesão foi mais forte entre pessoas de 18 a 44 anos, com ensino universitário ou pós‑graduação, e residentes em centros urbanos como Bogotá e Barranquilla. Em contrapartida, usuários com menor escolaridade ou acima de 55 anos mostraram maiores dificuldades, evidenciando que a inclusão digital ainda é peça-chave.

O sistema está desenhado para alterar parcialmente a realidade das finanças no país, onde quase 78% das transações ainda ocorrem em dinheiro vivo. A interoperabilidade total, ou seja, integração entre bancos, fintechs e carteiras, foi o ponto técnico que deu partida ao Bre‑B, mas o estudo destaca que a verdadeira mudança está no lado humano.

Barreiras além da tecnologia

O que vem abaixo da superfície revela que, embora muitos usuários relatem ter usado o sistema sem grandes dificuldades, existe um grupo relevante que ainda carece de orientação. Especialmente pensionados e pessoas com escolaridade básica. Esse é o grupo demográfico com maior necessidade de apoio pedagógico.

Quanto aos canais de comunicação, os bancos e entidades financeiras descobriram que os jovens acessam as informações sobre o Bre‑B principalmente via apps ou portais digitais; já adultos utilizam mais televisão, rádio ou atendimento presencial, enquanto pessoas acima de 55 anos dependem mais de consultoria direta de assessores bancários.

Rumo ao varejo e aos serviços

Atualmente, o uso predominante do Bre‑B está no envio de dinheiro entre familiares e amigos. Mas o estudo aponta: o grande salto será quando esse sistema for usado massivamente para pagamentos em comércio, serviços públicos e operações de negócio. As instituições precisam, além de tecnologia, de estratégias de adoção diferenciada, mais foco em mulheres, maior orientação para idosos e menos escolarizados.

Não se trata apenas de disponibilizar o serviço, mas de garantir que todos se sintam confiantes ao utilizá-lo. Como afirmou o líder da pesquisa, Darío Reyes, “o desafio do Bre‑B sempre foi humano, não apenas técnico.” A Colômbia dá o próximo passo, o Brasil observa, o mundo acompanha.

Gabriel Rios

Editor-chefe

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.