
O Citi transferiu cerca de 1.000 empregos de tecnologia para centros de suporte na Índia, meses depois de eliminar aproximadamente 3.500 posições na China. As funções migradas concentram-se em desenvolvimento de software, testes, manutenção e operações ligadas às unidades globais do banco. O movimento fortalece um backbone que já conta com 30 mil+ funcionários no país e sinaliza uma reacomodação do mapa operacional em meio a pressões regulatórias e de custo de talento.
No pano de fundo, bancos americanos vêm aumentando a dependência de operações na Índia após a decisão do governo dos EUA de elevar para US$ 100 mil a taxa em novos pedidos do visto H-1B, instrumento amplamente usado por tech e finanças para atrair profissionais qualificados. Em 2023, indianos responderam por 72,3% dos beneficiários do H-1B; a tarifa mais alta tende a desincentivar contratações onshore e acelerar o offshoring para hubs já maduros como Pune, Hyderabad, Bengaluru e Chennai.
Citi: Índia oferece escala
Para o Citi, a Índia oferece escala, profundidade técnica (engenharia, SRE, testes, dados) e cobertura follow-the-sun a custos competitivos — além de um ecossistema denso de provedores e universidades. A realocação também reduz exposição geopolítica concentrada e redistribui risco entre praças, alinhada ao playbook de hub-and-spoke que grandes bancos vêm adotando para tecnologia corporativa.
O redesenho, porém, traz desafios de governança e continuidade: manter qualidade e segurança em cadeias globais de desenvolvimento; blindar IP e dados sob regimes legais distintos; evitar dívida operacional ao transferir conhecimento; e sustentar SLAs críticos durante a transição. Na prática, será vital orquestrar documentação viva, runbooks padronizados, squads com propósito claro e uma camada robusta de SRE/observabilidade para mitigar incidentes.
Para o mercado, a leitura é que a Índia consolida o papel de plataforma de tecnologia bancária em escala global e que políticas migratórias mais restritivas nos EUA funcionam como um empurrão adicional para offshore e nearshore. O teste, agora, está na execução: entregar produtividade, segurança e time-to-market com o novo mix geográfico sem perder a cadência de transformação digital do core bancário.