Foto: Marcelo Fischer/Canaltech
Foto: Marcelo Fischer/Canaltech

A Cloudflare, uma das maiores empresas de infraestrutura da internet, voltou a sair do ar na última sexta-feira (5). A pane durou 25 minutos e afetou cerca de 28% do tráfego global HTTP. Bancos, apps e plataformas que dependem da rede ficaram instáveis ou inacessíveis.

Em uma publicação no X, antigo Twitter, a empresa esclareceu: “A Cloudflare sofreu uma interrupção significativa no tráfego em 5 de dezembro de 2025, com duração de aproximadamente 25 minutos.” A interrupção teve início por volta de 5h47 e foi resolvida por volta de 6h12 (no horário de Brasília).

“Um subconjunto de clientes foi afetado, representando aproximadamente 28% de todo o tráfego HTTP atendido pela Cloudflare”, explicou a empresa em comunicado.

“O problema não foi causado, direta ou indiretamente, por um ataque cibernético aos sistemas da Cloudflare ou por qualquer tipo de atividade maliciosa. Em vez disso, foi desencadeado por alterações feitas em nossa lógica de análise do corpo da requisição durante uma tentativa de detectar e mitigar uma vulnerabilidade generalizada no setor.”

O incidente é o segundo em menos de um mês. Em novembro, uma falha semelhante afetou serviços como X (antigo Twitter), ChatGPT, Amazon e Canva. Apesar da recorrência, a empresa negou qualquer ataque externo: o erro foi causado por alterações internas feitas durante uma tentativa de mitigar uma vulnerabilidade.

Vulnerabilidade estrutural

A repetição de falhas em players como a Cloudflare escancara uma vulnerabilidade estrutural: a centralização crescente da internet. A promessa da nuvem, mais performance, mais segurança, menos latência, vem acompanhada de um risco sistêmico pouco debatido.

Quando uma única empresa se torna responsável por intermediar o tráfego de parte significativa da web, qualquer erro interno vira um gargalo coletivo. O que deveria ser um sistema distribuído se transforma em um castelo com poucos pontos de sustentação.

A Cloudflare opera como uma CDN (Content Delivery Network), salvando cópias de dados em servidores espalhados pelo mundo. Isso permite acelerar o carregamento de páginas e proteger contra ataques. Mas também concentra o fluxo global em uma camada única de dependência.

Sinais de alerta para um futuro mais resiliente

Mais do que uma falha técnica, o incidente da sexta-feira é um lembrete: sistemas críticos exigem redundância, diversidade e transparência. As big techs de infraestrutura precisam rever protocolos e assumir responsabilidades além do uptime.

Para empresas, o aprendizado é claro, mitigar a dependência de um único fornecedor e desenhar arquiteturas mais antifrágeis. Afinal, a próxima falha pode durar mais que 25 minutos e custar muito mais que paciência.

Gabriel Rios

Editor-chefe

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.