Foto: Reprodução
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Três grandes redes criminosas especializadas em fraude de cartões de crédito foram alvo da Operação Chargeback, desmanteladas no início da semana. O impacto é gigantesco: mais de 4,3 milhões de titulares de cartão em 193 países foram afetados e os prejuízos ultrapassam € 300 milhões, com tentativas de fraude estimadas em mais de € 750 milhões.

Como o esquema operava com dados de cartões

As redes atuavam entre 2016 e 2021, utilizando dados de cartões roubados para criar aproximadamente 19 milhões de assinaturas online falsas em sites de streaming, encontros e pornografia. Transações normalmente de baixo valor (~€50/mês) eram feitas sob descrições genéricas, dificultando a identificação pelos titulares.

Além disso, os criminosos exploraram a infraestrutura de quatro grandes prestadores de serviços de pagamento na Alemanha. Executivos e compliance desses provedores são suspeitos de cumplicidade, facilitando o processamento dos pagamentos ilícitos.

Ação coordenada e alcance global

A investigação foi liderada pela Procuradoria‑Geral de Koblenz e pelo Bundeskriminalamt (BKA) da Alemanha, com apoio da Europol e da Eurojust. Foram cumpridos 18 mandados de prisão e mais de 60 buscas domiciliares em vários países, com apreensão de ativos de valor superior a € 35 milhões.

Implicações para o setor financeiro e de pagamentos

Este caso evidencia que fraudes em pagamentos não são localizadas, mas globais e com complexa cadeia de execução. Para bancos, fintechs e plataformas de pagamento, a operação reforça a necessidade de:

  • integração de detecção de anomalias e inteligência antifraude;
  • rastreabilidade completa das transações, inclusive via contas‑fachada e construtoras de shell companies;
  • alinhamento entre infraestrutura de pagamentos e compliance transnacional.

A “Operação Chargeback” demonstra que o risco não está apenas no cliente final nem no cartão em si, mas na cadeia inteira de pagamentos, passando por prestadores de serviço, intermediários e plataformas de transação. A vigilância deve ser contínua, estratégica e internacional.

Gabriel Rios

Editor-chefe

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.