
Nesta semana, a Visa realizou no Reino Unido sua primeira transação recorrente A2A (account-to-account), um modelo que conecta pagamentos diretamente entre contas bancárias, sem precisar de cartão. A operação-piloto foi feita com a fornecedora de energia Utilita e marca um novo capítulo na integração entre open banking e pagamentos programados.
Apesar de os britânicos já usarem Débito Direto há décadas para contas e assinaturas, 60% afirmam estar dispostos a experimentar alternativas, especialmente com mais controle e transparência. A Visa quer ocupar esse espaço antes que fintechs e plataformas nativas de open banking façam isso primeiro, segundo o “Finextra“.
O que muda com o Visa A2A
A transação foi iniciada pela Tink (startup de open banking comprada pela Visa), processada em tempo real pelo Faster Payments do Reino Unido e orquestrada pela nova solução Visa A2A. O sistema inclui mandatos comerciais variáveis (cVRP), com capacidade de definir valores, datas e lógica de pagamento, tudo com proteção de disputas inspirada no modelo tradicional de cartões.
Na prática, o Visa A2A quer combinar a previsibilidade do cartão com a eficiência do open banking e ainda dar liquidação mais rápida e menos taxas para os comerciantes.
Estratégia de longo prazo
O A2A recorrente é uma peça-chave na tentativa da Visa de se manter central no ecossistema financeiro, mesmo com a tendência de desintermediação trazida por APIs e regulações como o PSD2. O movimento mostra como grandes adquirentes estão redesenhando suas ofertas para não perder relevância no fluxo financeiro.
O lançamento no Reino Unido funciona como piloto para expansão global, com foco inicial em contas de consumo, assinaturas digitais e e-commerce de baixo risco. Um campo onde a Visa quer não apenas jogar, mas ditar as regras.