
Bom dia!
Durante cinco anos, o Pix foi rápido no sistema, mas lento na mão do consumidor. Copiar código, alternar aplicativo, conferir valor, colar, confirmar. Funcionava, mas não encantava. Agora, com a chegada do Pix Biometria, o Banco Central e o ecossistema dão um passo silencioso e decisivo para encurtar o caminho entre intenção e pagamento.
O Pix deixa de ser uma sequência de tarefas e passa a ser um gesto: olhar para a tela, encostar o dedo, pagar.
Na Let’s Money de hoje:
- 💳 Pix Biometria e o fim do “copia e cola”: Pix vira gesto no checkout, biometria reduz atrito, encurta a jornada e aproxima o sistema brasileiro das carteiras digitais globais;
- 🤖 A guerra dos agentes de IA: Google lança novo agente corporativo, mas OpenAI chega no mesmo dia com o GPT-5.2 e envelhece benchmarks em horas;
- 🌎 Quando o Pix fala espanhol: PagBrasil e Coelsa levam o Pix a carteiras argentinas e pagamentos transfronteiriços ganham escala e reforçam o Pix como infraestrutura regional.
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O Pix virou gesto
Durante cinco anos, o Pix foi rápido no sistema, mas burocrático no gesto. Copiar código, alternar aplicativos, colar, conferir, confirmar. Funcionava, mas nunca foi exatamente elegante. O Pix Biometria surge para encerrar esse ritual. A proposta é simples e disruptiva: pagar deixa de ser uma sequência de etapas e passa a ser um gesto único, autorizado por biometria no próprio dispositivo. O “copia e cola” vira peça de museu.
A mudança não é cosmética. Ao eliminar redirecionamentos e dependência de QR codes operacionais, o Pix começa a se comportar como checkout, não mais como transferência. O pagamento se integra à jornada de compra, encurta o tempo entre intenção e liquidação e aproxima o Pix do território que hoje pertence às carteiras digitais globais. É o momento em que o Pix para de pedir atenção e passa a desaparecer da experiência.
Quando o Pix vira experiência
A base técnica dessa virada está no uso do padrão internacional WebAuthn, que permite autenticação forte sem senha e sem tráfego de dados sensíveis. Biometria não sai do dispositivo, não vira ativo de terceiros e não circula pela infraestrutura financeira. O Pix ganha fluidez sem abrir mão de segurança, um equilíbrio raro em meios de pagamento.
Na prática, o pagamento deixa de ser um processo consciente e vira quase reflexo. Olhar para a tela, encostar o dedo, pagar. O Pix entra no campo da experiência invisível, onde a tecnologia só é percebida quando falha. Quando funciona, some.
O tempo virou ativo no varejo
Para o varejo, a mudança é estrutural. Em entrevista ao Let’s Money Podcast, Peterson Santos, CEO da Trio, resumiu o impacto em segundos. Enquanto o Pix “copia e cola” consome quase 50 segundos, o Pix Biometria promete jornadas abaixo de 10 segundos. Em dias normais isso já importa; em uma Black Friday, muda tudo.
“Hoje o tempo médio de transação com Pix Copia e Cola é de 48 a 49 segundos. Com Pix Biometria, estamos falando de algo em menos de 10 segundos. Isso, numa Black Friday, por exemplo, muda completamente o jogo”, afirma Peterson.
Menos tempo significa menos abandono de carrinho, menos estorno, menos fraude. O checkout deixa de ser gargalo e passa a ser conversão. O Pix, que nasceu como solução sistêmica, começa a mostrar vocação comercial.
O Pix como cartão sem ser cartão
O efeito mais sutil, e talvez mais poderoso, está no efeito de rede. Uma vez autorizado, o consumidor não autoriza apenas um lojista, mas uma infraestrutura inteira. O Pix Biometria passa a funcionar como um “cartão salvo”, baseado em Open Finance, sem plástico, sem bandeira e sem intermediários tradicionais.
É um deslocamento silencioso, mas profundo. O Pix deixa de disputar espaço com TED, boleto ou QR code e passa a disputar com cartão no checkout. Não por preço apenas, mas por experiência.
O próximo ciclo do Pix
O Pix Biometria não é um produto isolado. Ele surge no mesmo debate que envolve recorrência inteligente, jornadas sem redirecionamento e integração nativa ao Open Finance. O fio condutor é claro: reduzir atrito até o pagamento desaparecer da consciência do usuário.
Se o primeiro ciclo do Pix foi infraestrutura, e o segundo foi escala, o terceiro começa a se desenhar agora: o da experiência. O “copia e cola” cumpriu seu papel histórico. O gesto é o que vem depois.

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A guerra dos agentes (e o timing cruel da IA)
O Google apresentou seu novo agente de IA com pompa de virada estratégica. O Gemini Deep Research deixou de ser apenas um “gerador de relatórios” e passou a se vender como infraestrutura: agente instalável via API, raciocínio profundo, uso corporativo pesado, promessa de substituir horas de pesquisa humana por minutos de delegação algorítmica. Era o tipo de anúncio feito para marcar território. O problema é que o território mudou no mesmo dia.

Horas depois, a OpenAI lançou o GPT-5.2 e transformou a coletiva do Google em peça de arquivo recente. Benchmarks divulgados pela manhã ficaram velhos antes do almoço. Comparações que colocavam o Gemini à frente perderam validade instantânea. Na corrida dos agentes, não basta ser melhor, é preciso chegar por último.
Quando benchmark virou prazo de validade
O movimento do Google é consistente: apostar em agentes de pesquisa longa, rastreáveis, com menos alucinação e mais governança, mirando empresas que precisam confiar no resultado. A integração com Busca, Finanças e NotebookLM aponta para um futuro em que pesquisar vira delegar. O Deep Research é, claramente, uma tentativa de reescrever o papel do Google num mundo onde “buscar” já não é mais sinônimo de digitar.

Mas a OpenAI jogou outro jogo. O GPT-5.2 não veio como feature isolada, e sim como plataforma de raciocínio: três versões, foco em Thinking e Deep Research, desempenho superior em programação, matemática e fluxos complexos. Não é um agente específico, é um cérebro mais potente para qualquer agente. E isso muda a hierarquia da disputa.
A disputa real não é Google x OpenAI
O contraste revela algo maior: a guerra da IA deixou de ser sobre produto e passou a ser sobre cadência. O Google fala em robustez, precisão e benchmarks auditáveis. A OpenAI fala em velocidade e ecossistema. Um lança e prova. O outro lança, supera e segue.
No fim, o episódio expõe a crueldade do novo ciclo tecnológico: inovação não envelhece em anos nem em meses, envelhece em horas. O Google apresentou um agente forte. A OpenAI apresentou um modelo que torna agentes mais fortes por definição. A guerrinha continua, mas a lição da semana é clara: em IA, o anúncio mais importante é sempre o próximo.

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Quando o Pix fala espanhol

O Pix continua fazendo algo raro em infraestruturas financeiras: cruzar fronteiras sem pedir licença às bandeiras tradicionais. A parceria entre a PagBrasil e a Coelsa abre caminho para que usuários argentinos paguem com Pix em compras no Brasil e, progressivamente, em outros mercados onde o sistema já é aceito. Não se trata de criar um “Pix argentino”, mas de algo mais ambicioso: permitir que carteiras e apps locais incorporem o Pix como trilho de pagamento, com conversão cambial automática e experiência nativa no celular do usuário.
O funcionamento é direto, quase banal, e justamente por isso poderoso. O argentino escaneia um QR Code ou informa uma chave Pix, paga pelo aplicativo que já usa no dia a dia e vê o valor debitado de sua conta, com conversão em tempo real. A Coelsa entra como ponte técnica e regulatória, garantindo interoperabilidade com bancos e carteiras digitais do país. Do lado da PagBrasil, entram as camadas de Pix Internacional e Pix Roaming, que já conectam o sistema brasileiro a países como Uruguai, Chile, Peru, Espanha, Portugal e Estados Unidos. O Pix deixa de ser um produto doméstico e passa a operar como infraestrutura exportável.
O timing ajuda. A iniciativa avança em meio a um boom do turismo internacional no Brasil, com mais de 8 milhões de visitantes em 2025 e a Argentina respondendo por cerca de 40% desse fluxo. Facilitar o pagamento significa reduzir atrito, custo e dependência de cartões e, no limite, estimular consumo e integração regional. Mais do que conveniência para turistas, a parceria sinaliza algo maior: o Pix começa a se consolidar como linguagem comum de pagamentos na América Latina, um raro caso em que o Brasil não apenas adotou rápido, mas agora começa a ensinar o caminho.

Entrevista
Nos vemos na próxima edição!
Agora todas às terças.
Abraços,
Equipe Let’s Money