
Bom dia!
Entre balanços fechados, agendas esvaziando e promessas empurradas para janeiro, o sistema financeiro brasileiro entra na reta final de 2025 deixando recados importantes para 2026. Alguns chegam embrulhados como presente, outros como aquele ajuste de última hora antes da ceia. O Pix segue no centro da mesa: cresce, ganha novas funções, vira infraestrutura e também passa a exigir mais maturidade, segurança e governança.
Nesta última edição do ano, a Let’s Money faz um sobrevoo estratégico sobre o que já chegou antes do Natal, o que foi ajustado às pressas e o que ficou oficialmente para o ano que vem. Do avanço acelerado do Pix Automático às novas exigências de segurança impostas pelo Banco Central, passando pela consolidação do Pix como espinha dorsal dos pagamentos, o recado é claro: 2026 não começa do zero, começa com tudo o que foi construído (e corrigido) até aqui.
Na Let’s Money de hoje:
- 🎄 O Pix que chegou antes do Natal: Pix Automático acelera, cresce mais de 30% ao mês e começa a redesenhar os pagamentos recorrentes, um ensaio do que vem em 2026.
- 🔐 BC aperta o cinto do Pix: Após ataques bilionários, o Banco Central endurece as regras de segurança, eleva exigências cibernéticas e muda o padrão de governança para bancos, fintechs e provedores de tecnologia.
- 🤖 Google reduz a fricção da IA financeira: Novo tutorial mostra como criar um analista financeiro em minutos, sinalizando que a IA pode finalmente virar ferramenta prática no dia a dia das empresas no próximo ano.
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O Pix que virou rotina antes do Natal
Todo fim de ano tem seus rituais. Promessas que ficam para janeiro, projetos que escorregam para “o próximo ciclo” e apostas que só ganham embrulho bonito, mas não chegam a ser abertas. Em 2025, o sistema financeiro brasileiro seguiu esse roteiro com precisão: Drex travou, Pix Parcelado entrou no limbo regulatório, agentes de IA ficaram na disputa de anúncio. Mas, discretamente, o Pix Automático fez o caminho inverso. Chegou antes do Natal, sem barulho, e começou a funcionar.
Os números ajudam a explicar por quê. Dados do EBANX apontam crescimento mensal de 34% no número de assinaturas e 41% no volume financeiro processado via Pix Automático. Se mantido o ritmo, o modelo não só disputa espaço com o cartão, mas reconfigura o mercado de pagamentos recorrentes. O potencial é grande: até 60 milhões de brasileiros podem acessar serviços de assinatura sem depender de limite de crédito. É menos promessa, mais infraestrutura. Menos discurso, mais hábito.
Quando o Pix virou conta fixa
A lógica do Pix Automático é quase banal, e exatamente por isso poderosa. O usuário autoriza uma cobrança recorrente e o pagamento acontece sozinho, sem refazer fluxo, sem redirecionamento, sem susto com cartão vencido. Para empresas, significa menos custo, menos intermediários e menos churn involuntário. Para o consumidor, previsibilidade. Para o sistema, uma mudança estrutural: o Pix deixa de ser evento e vira conta do mês.
É aqui que o contraste com outros projetos do ano fica evidente. Enquanto o Pix Parcelado patinou na discussão regulatória e o Drex voltou para a prancheta, o Pix Automático avançou por algo raro em política pública: simplicidade funcional. Não tentou reinventar o dinheiro. Só resolveu um problema antigo, recorrência, de forma direta.
O presente que já vem sendo usado
Casos iniciais mostram o efeito prático. Plataformas que habilitaram Pix Automático registraram taxas de novos clientes três vezes maiores do que no cartão. O ganho não está só na conversão, mas na estabilidade: menos falhas técnicas, menos interrupções de serviço, menos ruído entre quem cobra e quem paga. É o tipo de melhoria que não vira manchete diária, mas muda comportamento.
E talvez esse seja o maior sinal de maturidade do Pix em 2025. No ano em que o mercado falou muito sobre o que virá em 2026, o Pix Automático fez algo mais raro: entrou em funcionamento agora. Chegou antes do Natal, já está sendo usado e, quando janeiro chegar, não será promessa nem resolução. Será rotina.

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BC aperta o cinto do Pix antes da ceia

Quando o calendário já apontava para o recesso e o mercado começava a fechar o balanço de 2025, o Banco Central decidiu que ainda havia um item pendente na lista do Pix: segurança cibernética. Após uma sequência de ataques hackers que exploraram falhas em instituições e provedores conectados ao ecossistema, com desvios que superaram R$ 1,5 bilhão, o regulador puxou o freio e apertou as regras. Não foi movimento para manchete festiva. Foi ajuste de última hora, desses que evitam problema maior no ano seguinte.
O pacote aprovado por BC e CMN eleva o patamar mínimo de governança digital. Testes anuais de invasão passam a ser obrigatórios, relatórios ganham destino certo, o regulador, e controles sobre acesso, certificados digitais, rastreabilidade e integração entre sistemas deixam de ser recomendação e viram exigência. É o tipo de norma que não gera aplauso, mas evita susto quando a infraestrutura mais crítica do país já opera em escala máxima.
Fechando o ano com a porta trancada
O ponto mais sensível da nova regra está além dos bancos e fintechs. Provedores de tecnologia, nuvem, processamento, armazenamento de dados, passam a ser classificados como serviços relevantes, sujeitos a padrões mais rígidos de gestão de risco e supervisão indireta do BC. O recado é claro: no Pix, não existe elo fraco que fique fora do radar.
Às vésperas da ceia, o BC entrega uma mensagem pouco festiva, mas necessária. O Pix sai de 2025 maior, mais usado e mais central para a economia e, justamente por isso, precisa entrar em 2026 com outra postura. Inovação sem segurança ficou para trás. O ajuste vem antes da sobremesa, para evitar a conta no ano seguinte.

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A IA que chegou antes da planilha
Se 2025 foi o ano em que a inteligência artificial deixou de ser promessa e virou pauta obrigatória, o Google resolveu encerrar o calendário com uma mensagem clara: em 2026, a barreira não será mais técnica, será cultural. Ao lançar um tutorial que ensina a criar um “analista financeiro” em menos de dez minutos, sem login em nuvem, sem projeto e sem cartão de crédito, a empresa atacou o ponto mais sensível da adoção corporativa de IA: a fricção inicial. A ideia é quase simbólica, pois se até começar era difícil, agora não é mais desculpa.
O exemplo escolhido não é casual. Em vez de pedir mais um resumo bonito, o Google demonstra como transformar um relatório financeiro em PDF em dados estruturados, prontos para análise, visualização ou integração com sistemas. Receita, custos, despesas, tudo sai em JSON, validável e reaproveitável. É um recado direto ao mercado financeiro: IA não serve só para “ler melhor”, mas para automatizar o trabalho invisível que ainda consome horas de analistas, controllers e times de dados.
O detalhe mais revelador, porém, está na forma como o próprio sistema ajuda a escrever o prompt certo, define a persona do modelo e garante que a saída siga o formato esperado. Isso aponta para um 2026 em que criar agentes analíticos será menos sobre dominar engenharia de prompts e mais sobre saber qual pergunta fazer ao negócio. Ao reduzir o caminho entre ideia, protótipo e código, o Google sinaliza uma virada silenciosa: a IA deixa de ser projeto experimental e passa a ser ferramenta de rotina. No réveillon da tecnologia financeira, a mensagem é simples: quem ainda está discutindo “se” vai usar IA, provavelmente já começou o ano atrasado.

Entrevista
Nos vemos na próxima edição!
Agora todas às terças.
Abraços,
Equipe Let’s Money