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O terceiro trimestre de 2025 marcou um daqueles momentos que viram discussão obrigatória no mercado: as fintechs brasileiras cresceram enquanto os bancões encolheram. Nubank, XP, Stone, PagBank e Inter somaram mais de R$ 7 bilhões em lucro, um salto consistente que coloca o setor digital no centro da disputa pelos resultados recordes do sistema financeiro.
Mais do que um trimestre forte, os números revelam uma mudança de hierarquia. O Nubank, sozinho, lucrou mais que o Banco do Brasil, enquanto XP, Inter e Stone ampliaram carteiras, margens e eficiência em ritmo que contrasta com a desaceleração dos grandes bancos. Se havia dúvida sobre quem estava puxando a nova fronteira da rentabilidade no país, esta é a edição que encerra o debate.
Na Let’s Money de hoje:
- 💜 A virada das fintechs: Lucro de R$ 7,15 bi no 3T25 e Nubank supera o Banco do Brasil; digitais crescem enquanto bancões recuam no trimestre.
- 🌎 Bre-B e a mudança cultural na Colômbia: Adoção inicial forte, mas desigual; jovens lideram uso enquanto idosos e baixa escolaridade ainda travam expansão do “Pix colombiano”.
- 🛡️ Pix ganha rastreamento ampliado contra fraudes: Novo MED permite recuperar valores mesmo após transferências intermediárias; bancos terão até 2026 para adotar totalmente.
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A virada das Fintechs?
O terceiro trimestre de 2025 marcou uma mudança de poder que o mercado financeiro tentou adiar por anos: as fintechs cresceram, enquanto os bancões encolheram. Nubank, XP, Stone, PagBank e Inter somaram R$ 7,15 bilhões em lucro, alta de 27% ano contra ano. No mesmo período, os grandes bancos viram o lucro conjunto escorregar, com queda de 5,8% entre os cinco maiores listados na B3.
A cena simbólica da virada vem do contraste mais improvável: o Nubank lucrou mais que o Banco do Brasil no trimestre. Enquanto a estatal derrapou para R$ 3,78 bilhões (queda de 60% em um ano), o Nubank entregou US$ 783 milhões, ou cerca de R$ 4,27 bilhões, um resultado maior, mais estável e com ROE de 31%. Se havia dúvida sobre quem estava puxando a nova fronteira financeira do país, o trimestre tratou de encerrar o debate.
Quando o “crescimento das fintechs” virou desempenho de bancão
O movimento não é isolado. A XP fechou com R$ 1,33 bilhão de lucro, carteira de crédito crescendo 33% e R$ 1,4 trilhão sob custódia. A Stone entregou R$ 641 milhões (+13%) e viu o crédito para MPMEs explodir 149%. No PagBank, o lucro estável de R$ 571 milhões se combinou com avanço de 30% na carteira PJ. O Inter acelerou com R$ 336 milhões (+39%) e uma escalada contínua no consignado privado.
É o tipo de tração que, por décadas, era exclusiva de bancos tradicionais. Agora, as fintechs operam com a mesma musculatura, só que sem o peso do legado.
Os bancões e o freio de mão puxado
A comparação é dura:
- Itaú segue gigante, mas cresce menos que suas versões digitais.
- Bradesco ainda luta para controlar inadimplência e eficiência.
- Santander alterna trimestres fortes e trimestres fracos.
- Banco do Brasil teve uma rarefeita queda de 60% no lucro.
O contraste é nítido: enquanto as fintechs aceleram a receita, expandem crédito e controlam risco, os bancões enfrentam um ciclo de custos elevados, canibalização interna e um mercado menos tolerante à estagnação.
A virada não é só trimestral, é estrutural
As fintechs não só cresceram. Elas cresceram enquanto os bancões recuaram. É essa assimetria que consolida a virada. O setor digital entrou na fase de “escala lucrativa”: UX agressiva, produtos integrados, crédito disciplinado, dados em tempo real, operação leve. Bancões ainda têm a fortaleza do funding, mas perderam o monopólio do desempenho.
Se o jogo sempre foi sobre quem gera mais valor por unidade de experiência, o trimestre mostra que a resposta mudou de dono. As fintechs não estão mais perseguindo o mercado. Elas estão puxando o mercado.

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Bre-B muda a cultura do dinheiro na Colômbia

O Bre-B não é só o “Pix colombiano”: é a tentativa mais ambiciosa da Colômbia de virar a página do dinheiro vivo, que ainda responde por 78% das transações do país. Nas primeiras semanas, 58% dos entrevistados já haviam feito uma transferência por chaves, um número que indica não apenas curiosidade, mas uma mudança cultural em andamento. O estudo nacional de adoção revela algo simples e poderoso: quando a experiência funciona, o usuário colombiano abraça o instantâneo.
A adesão, porém, é desigual. Jovens urbanos e escolarizados puxam a fila, enquanto idosos e pessoas com baixa escolaridade ainda tropeçam na jornada, um alerta que pesa mais em um país com forte uso de redes físicas e atendimento presencial. O sistema está pronto tecnicamente, mas socialmente ainda não: falta pedagogia, falta ubiquidade e falta confiança para que o Bre-B deixe de ser novidade e vire hábito.
Do P2P ao varejo
Atualmente, o Bre-B vive seu “primeiro estágio”: envio de dinheiro entre amigos e familiares. O estudo mostra que a verdadeira disrupção virá quando o sistema entrar no varejo, nos serviços públicos e nos pagamentos de negócio, repetindo a curva de adoção que o Pix percorreu no Brasil.
Para chegar lá, bancos e fintechs colombianas precisarão menos de tecnologia, que já existe, e mais de estratégia: comunicação segmentada, inclusão digital e estímulo claro ao comércio. A Colômbia começou sua corrida. Agora, o desafio é transformar um bom começo em mudança estrutural.

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O Pix ensaia seu salto global

O Pix entra em 2026 com um novo tipo de blindagem: rastreamento ampliado para recuperar valores desviados em golpes, mesmo quando o dinheiro já passou por outras contas ou foi parcialmente sacado. É a primeira grande evolução do MED desde sua criação, e muda o centro de gravidade do combate às fraudes, deixando de depender exclusivamente da rapidez da vítima para acionar o banco.
O funcionamento é simples, mas poderoso: em vez de mirar apenas na conta que recebeu o Pix fraudado, o sistema agora acompanha o caminho completo do dinheiro, registrando saídas, repasses e contas subsequentes. As instituições podem bloquear valores ao longo de toda a trilha e processar a devolução em até 11 dias, algo que antes era praticamente impossível diante da pulverização instantânea usada por golpistas. O botão de contestação dentro dos apps, ativo desde outubro, completa a jornada e reduz atrito para o usuário.
A adoção ainda é opcional até 2 de fevereiro de 2026, mas o BC já deixou claro que essa será a nova linha de base do arranjo. O desafio, agora, é do mercado: rastrear cadeias inteiras de transferência exige sistemas integrados, governança de dados e investimento pesado em tecnologia. O Pix ganha um novo degrau de segurança, mas sem eliminar o fator humano. Quanto antes o golpe for contestado, maior a chance de recuperar o dinheiro. O arranjo avançou; a corrida contra a fraude continua.

Entrevista
Nos vemos na próxima edição!
Agora todas às terças.
Abraços,
Equipe Let’s Money