Notícias

Dock importa 'IA da China' e mira nova era da análise de crédito no Brasil

Sistema usado em 10 países e responsável por 45% dos empréstimos pessoais na China chega ao país com decisões em segundos, inclusão de informais e dados alternativos

A Dock acaba de trazer para o Brasil o motor de análise de crédito da Ant International — braço financeiro da gigante chinesa Alibaba. A tecnologia, que já analisa 45% dos empréstimos pessoais via Alipay na China, está em fase de testes locais e promete decisões instantâneas baseadas em IA. É o “Experiência 310”: cadastro em até 3 minutos, resposta em 1 segundo, sem intervenção humana.

Henrique Casagrande, diretor de Operações da Dock | Foto: Reprodução / LinkedIn

A iniciativa estreia em um contexto que expõe a fragilidade dos critérios tradicionais. Dados internos revelam que 75% das transações negadas por limite insuficiente correspondem a compras de até R$ 50 — um volume considerável de demanda reprimida.

Crédito inclusivo para 42 milhões de brasileiros

O sistema da Dock pretende romper com a lógica excludente do modelo atual. Parte significativa dos brasileiros — como trabalhadores da gig economy e caminhoneiros autônomos — não possui contracheque ou histórico formal, mas têm renda.

O Ant Credit Engine combina dados alternativos com variáveis como apps instalados, uso de Wi‑Fi, localização do celular e até rolo de câmera, para entregar análise granular e contextualizada.

Henrique Casagrande, diretor de Operações da Dock, citou o exemplo do bKash, fintech que atua como “Nubank de Bangladesh”: com tecnologia semelhante, aumentou seu público elegível para empréstimos ao analisar CEP, consumo e eletrodomésticos — mesmo sem dados formais.

Operação montada no Brasil com ambição global

A Dock planeja montar um verdadeiro “marketplace de dados”: integrando birôs, registros transacionais, Open Finance, DDA, contas públicas e mais para alimentar o uso da IA em tempo real. A infraestrutura de processamento também foi robustecida para suportar o Ant Credit Engine.

Casagrande apresentou o case do iFood Pago, cartão corporativo para restaurantes, para mostrar o potencial do embedded finance na concessão de crédito. 70% do crédito solicitado por restaurantes era negado por modelos tradicionais e passou a ser aprovado com a nova análise.

A cada modernização do Pix ou avanço do Open Finance, a disputa deixa de ser por produto e passa a ser por quem controla os algoritmos que decidem crédito — agora, a inteligência está chegando ao coração do sistema. Com informações do “Finsiders”.

Gabriel Rios

Editor-chefe

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.