O sistema financeiro brasileiro viveu um dos seus episódios mais graves no início desta semana: um ataque cibernético à C&M Software, empresa responsável por conectar fintechs e bancos ao Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), afetou as contas reservas de algumas instituições, entre elas, a BMP.
Foto: reprodução / Pinterest
Segundo apurações iniciais, hackers acessaram o ambiente da C&M, que é uma das sete empresas autorizadas pelo Banco Central a operar como PSTI – responsável pela mensageria de ordens entre as instituições e o BC, incluindo o sistema do Pix, que acabou sendo explorado para a realização de múltiplas transferências em questão de minutos.
Apesar da gravidade do caso, a BMP afirma que nenhum cliente final foi afetado. Os recursos desviados estavam na conta reserva usada exclusivamente para liquidações interbancárias. A empresa destaca que os seus sistemas permaneceram intactos e que tomou imediatamente as providências legais, operacionais e tecnológicas para mitigar os danos.
“Reforçamos que nenhum cliente da BMP foi impactado ou teve seus recursos acessados. Seguimos operando normalmente, com total segurança”
“Mesmo diante do pior ataque hacker de todos os tempos, a BMP demonstrou sua solidez. 100% dos recursos dos nossos correntistas foram protegidos. Seguimos firmes, ainda mais preparados”
Descoberta e consequências
Um executivo da BMP teria ligação de um banco alertando sobre uma transferência atípica no valor de 18 milhões de reais feita via Pix. Poucas horas depois, a empresa havia perdido 400 milhões de reais, valor retirado diretamente de sua conta reserva no Banco Central, de acordo com fontes ouvidas por veículos como o Brazil Journal e o Seu Dinheiro.
Segundo apuração da Let’s Money, a BMP já conseguiu recuperar aproximadamente 150 milhões de reais, parte deles com o uso do Mecanismo Especial de Devolução (MED), protocolo criado pelo BC para estornar transações via Pix em casos de fraude.
A brecha não teria decorrido de de uma falha técnica convencional ou vulnerabilidade pública de software, mas sim do uso indevido de credenciais de clientes, um problema ligado à gestão de identidade e acesso. Informações iniciais apontam que os criminosos entraram pelo o que seria a “porta da frente”: se autenticaram com chaves legítimas roubadas. É possível que tenham ocorrido falhas em módulos de segurança como o HSM (Hardware Security Module), que deveria impedir o uso indevido de chaves privadas.
Com esse acesso, os hackers conseguiram emitir ordens de pagamento a partir de contas reservas, fundos institucionais mantidos diretamente no Banco Central. Como consequência, além da BNP outras cinco instituições, incluindo o Bradesco e a Credsystem, também teriam sido afetadas.