O open banking no Reino Unido atingiu 15 milhões de usuários e se tornou referência global. Mas o caminho até aqui não foi linear. Bill Roberts, ex-chefe do programa na Autoridade de Concorrência e Mercados (CMA), deixou um alerta direto aos EUA: é preciso clareza nos objetivos e atenção aos incentivos.
Roberts aponta dois pilares do modelo: compartilhamento de dados e iniciação de pagamentos. Combinados, eles permitem criar aplicações que beneficiam consumidores e pequenas empresas. Mas, segundo ele, confiar nos bancos para liderar a experiência foi um erro. “Achamos que eles integrariam a autenticação. Mas por que facilitariam o acesso dos concorrentes?”, questiona, segundo o “PYMNTS”.
Open Banking: regulação não pode ser ingênua
O Reino Unido precisou corrigir o curso e estabelecer padrões obrigatórios de APIs e autenticação, após meses de fricção na jornada do usuário. Roberts defende que o desenho regulatório deve levar em conta a estrutura de mercado de cada país. Em ambientes concentrados, como o britânico, é necessário intervir mais. Já em mercados fragmentados, como o dos EUA, talvez baste um empurrão.
A analogia é com ensinar uma criança a andar de bicicleta: comece com rodinhas (mandatos), depois tire aos poucos. Mas é fundamental saber qual problema se quer resolver. “Open banking pode não ser a melhor resposta para tudo”, afirma.
O futuro: Big Techs, IA e interoperabilidade global
Roberts destaca que big techs já começam a usar infraestruturas de open banking, como a Apple no Reino Unido. Ele também prevê o uso intensivo de IA para personalizar ofertas com base em dados bancários — algo que exige cuidado redobrado com segurança e ética.
Sua mensagem final para os EUA e outros mercados: aprendam com os erros dos pioneiros. Open banking pode devolver o controle ao consumidor, mas só com uma base técnica sólida e uma regulação que entenda o jogo de incentivos.