
Imagine que você assina um plano de telefone e descobre que outra operadora oferece mais dados por um custo menor. Hoje, mudar é simples, basta fazer a portabilidade em minutos.
Agora, pense no seu empréstimo ou financiamento. A lógica deveria ser a mesma, mas ainda não é. A portabilidade de crédito no Brasil existe, mas o processo segue lento e burocrático, exigindo deslocamento e papelada.
Esse cenário está prestes a mudar. O Banco Central definiu que, a partir de fevereiro de 2026, entra em operação a portabilidade de crédito 100% digital via Open Finance — uma mudança que promete transformar o mercado de crédito e devolver ao consumidor o poder de escolha.
O fim da inércia bancária
Hoje, para levar seu empréstimo de um banco para outro, o caminho é manual: ir até a agência, solicitar documentos e esperar dias pela resposta.
Com o Open Finance, esse processo será substituído por APIs padronizadas, que conectam as instituições de forma automática e segura. O pedido será feito diretamente no aplicativo da nova instituição.
O banco original será notificado via Open Finance e terá um prazo de até três dias úteis para enviar uma contraproposta.
Se o cliente aceitar, o processo termina ali. Se não, ou se não houver resposta, a portabilidade será concluída digitalmente. A concorrência, antes travada pela burocracia, passa a acontecer em tempo real, e a decisão volta para as mãos do consumidor.
Cronograma e primeiras etapas
O ano de 2025 será dedicado aos ajustes técnicos e aos testes piloto entre as instituições.
Em fevereiro de 2026, o sistema entra oficialmente em operação, começando pelo crédito pessoal sem garantia (CPC), modalidade considerada mais simples.
Depois, o modelo deve ser expandido para linhas mais complexas, como o crédito consignado.
Um mercado mais competitivo
Mesmo antes da implantação total, os sinais já são visíveis.
O Banco do Brasil, por exemplo, ultrapassou R$ 2 bilhões em volume de portabilidade de crédito baseada em dados do Open Finance, atendendo mais de 57 mil clientes.
Com a informação fluindo de forma digital e segura, o consumidor ganha autonomia e transparência — e o mercado, concorrência real.
A entrada real de concorrência tem uma consequência direta: a redução do custo do crédito para quem paga as contas em dia, impulsionando o crescimento econômico.
Em 2026, o Open Finance dá um passo além: deixa de apenas mostrar dados e passa a mover contratos de crédito com um clique.