
A promessa era grande e, ao que tudo indica, começou a ser cumprida: o Open Finance já está mudando como as instituições financeiras concedem crédito no Brasil. No evento da Acrefi, representantes do Banco Central, da PilotIn e da Associação Open Finance Brasil foram unânimes: o sistema está mais presente na rotina dos brasileiros, e redesenhando o acesso ao crédito com base em dados reais.
Atualmente, o ecossistema já reúne 136 milhões de consentimentos ativos e 86 milhões de contas conectadas. Segundo o BC, o avanço é espontâneo, os clientes estão aderindo porque enxergam valor. A próxima entrega regulatória está prevista para fevereiro de 2026, com a portabilidade do crédito pessoal sem garantia, seguida das linhas consignadas. O modelo permitirá ao usuário autorizar múltiplas instituições e concluir o processo em etapas.
Em termos práticos, o impacto é visível: no primeiro semestre de 2025, R$ 12 bilhões foram financiados com apoio de dados compartilhados pelo Open Finance, R$ 30 bilhões desde o início da série. Fintechs sozinhas movimentaram R$ 2 bilhões no semestre. O ganho? Um retrato mais preciso do risco, com queda de inadimplência entre 25% e 30%, segundo Ingrid Barth, CEO da PilotIn, de acordo com o “Finsiders“.
Fluxo de caixa via Open Finance
Em um exemplo citado, a PilotIn usou indicadores simples, como fluxo de caixa via Open Finance, para turbinar vendas de revendas médicas em 400% em dois meses e meio. As fraudes caíram e os tíquetes médios subiram. Para Ingrid, os modelos agora capturam o que antes era invisível aos scores: o comportamento positivo do cliente.
Genaro Dueire, da Associação Open Finance Brasil, destacou que algumas instituições já utilizam os dados para crédito, prevenção de fraudes e até recomendações de investimento. Outras, ainda engatinham. O que muda, segundo ele, é o relacionamento: com dados reais, as decisões passam a ser mais transparentes e mais justas.