Se a duplicata em papel era sinônimo de burocracia, a versão escritural é tratada pelos bancos como uma das maiores apostas de receita para os próximos anos. Pesquisa recente do "Panorama da Inovação no Sistema Financeiro", um levantamento da Associação Brasileira de Bancos (ABBC) e da consultoria Bip, mostra que o instrumento deve se tornar a principal fonte de novas receitas do setor, superando iniciativas já consolidadas de open finance e até serviços digitais.

Fonte: Consultoria Bip
A lógica é simples: transformar em ativo digital um título que já fazia parte do dia a dia das empresas, mas com pouca liquidez e alto índice de contestação. Com blockchain privado e registros eletrônicos, a duplicata escritural ganha escala, transparência e maior segurança jurídica.
Liquidez e menos fraudes
Na prática, a digitalização resolve dois gargalos históricos. O primeiro é a liquidez: ao padronizar dados e integrar sistemas, a duplicata pode circular mais facilmente entre bancos, securitizadoras e investidores. O segundo é a fraude: a duplicata “fria” — sem lastro em transações reais — perde espaço, já que cada registro passa a ser validado digitalmente.
Para as empresas, significa acesso a crédito mais rápido e com taxas menores. Para os bancos, uma nova linha de negócio com potencial bilionário, em um momento em que margens tradicionais estão sob pressão.
Um mercado em formação
Além da duplicata escritural, outra frente vista como estratégica é o Banking as a Service (BaaS), que abre novos modelos de distribuição para produtos financeiros. Mas a expectativa é que a duplicata digital seja o motor mais imediato de novas receitas.
Com regulação ajustada pelo Banco Central e adesão crescente de grandes bancos e fintechs, o mercado deve ganhar escala nos próximos trimestres. A aposta é que a duplicata escritural cumpra para o crédito empresarial um papel semelhante ao que o Pix representou para os pagamentos: eficiência, inclusão e competição.
O crédito empresarial, antes travado em papel, agora corre em tempo digital. E para os bancos, essa mudança pode se transformar na próxima mina de receita.