O setor financeiro brasileiro vive um momento de inflexão. Se antes os bancos eram o “supermercado” exclusivo dos produtos que criavam e vendiam, agora a combinação de Open Finance, Pix e Inteligência Artificial abre espaço para um ecossistema distribuído, integrado ao cotidiano do usuário.

Foto: Divulgação / Iniciador
Esse foi o tom do workshop Beyond Banking, promovido pelo Iniciador nesta quarta-feira (20), que reuniu Luiz Ramalho (CEO da Magie), Bruno Diniz (especialista em inovação financeira) e mediação de Gustavo Bresler (COO do Iniciador).
Do Pix Inteligente à visão de marketplace financeiro
Abrindo o encontro, Gustavo Bresler destacou o potencial transformador da integração bancária e apresentou a Magie como exemplo do chamado “Pix Inteligente”.
“Eu posso tirar uma foto do número de celular de alguém e, sem sair do WhatsApp, a Magie interpreta a informação, realiza o Pix e ainda me dá opções de senha e envio automático do comprovante. É o sistema circulatório de um novo sistema bancário”, afirmou o COO do Iniciador.
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Segundo Luiz Ramalho, a proposta da Magie é ser mais do que uma plataforma de pagamentos, mas sim um agente que gerencia a relação do cliente com o dinheiro.
“Começamos pelo WhatsApp porque cria hábito e recorrência, mas nossa visão é oferecer acesso a um marketplace de crédito, investimentos e seguros, sempre com inteligência para entregar o produto certo, na hora certa e ao melhor preço”, explicou o CEO da Magie.
Beyond Banking na prática
Na avaliação de Bruno Diniz, esse movimento vai muito além da experiência bancária tradicional: “Beyond Banking é tudo o que expande a jornada típica do banco, incluindo camadas de conveniência que se encaixam no dia a dia do usuário. É o que vemos na Magie, mas também em marketplaces e soluções embutidas em diferentes plataformas”, disse.
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A metáfora do “supermercado financeiro de marca própria”, usada por Bresler, ilustra bem a transição: “Antes, o banco produzia e vendia seus próprios produtos. Agora, com Open Finance, quem produz pode ser um, e quem distribui pode ser outro. O super app não precisa ser um app único, pode estar embedado na rotina das pessoas”.
IA como motor de personalização
Se o Open Finance conecta dados e instituições, a Inteligência Artificial é a camada que pode transformar essa informação em soluções práticas e personalizadas. Para Ramalho, o grande diferencial está na capacidade de a IA atuar como um “gerente virtual” disponível 24 horas por dia.
“O perfil de um investidor ativo é completamente diferente de alguém endividado. Com IA, conseguimos personalizar a jornada, mas é essencial transparência sobre os incentivos por trás das recomendações, para não cair na lógica de empurrar produtos caros ou desnecessários”, alertou.
Bruno Diniz complementou ressaltando que a integração de IA com mensageria, como no caso do WhatsApp, abre experiências mais acessíveis e fluídas: “O usuário brasileiro tem múltiplas contas, mas busca conveniência e principalidade. Quem entregar isso via interfaces simples e conversacionais será a principal porta de entrada para a vida financeira”, afirmou.
O futuro do Beyond Banking
Para os executivos, o Brasil reúne condições únicas para liderar essa transformação, graças à centralização regulatória e ao sucesso de infraestruturas como o Pix. A tendência é que novos incentivos, como programas de fidelidade sobre o Pix, aumentem a adoção e criem novos hábitos.
“O Nubank provou que uma experiência digital simples aliada a incentivos concretos pode mudar o jogo. Nosso programa Magie+ segue essa linha, oferecendo cashback em transações via Pix”, revelou Ramalho.
Já Bruno Diniz lembrou que, para avançar, será preciso tornar as soluções mais “acionáveis”. “Não basta só entregar informação. O futuro é oferecer propostas automatizadas, como renegociação de crédito ou melhores condições de parcelamento, diretamente ao usuário. É aí que Open Finance e IA mostram todo o seu potencial”, concluiu.