No mundo das finanças, mesmo grandes instituições podem ainda operar parte de suas funções críticas com ferramentas frágeis. Levando em consideração que nesse universo decisões de segundos movimentam cifras bilionárias, um detalhe pode fazer toda a diferença. A compreensão das diferenças entre Tesouraria e Controladoria, por exemplo, é essencial para entender como as empresas equilibram o presente financeiro com o planejamento do futuro, algo abordado no episódio mais recente do podcast da Let’s Money.
Marcos Guirro, diretor da Quadra Softworks, startup de tecnologia voltada para o mercado financeiro, explicou sobre a operação das tesourarias bancárias e a complexidade por trás da gestão de ativos, liquidez e riscos.
Embora muitas vezes confundidas, Tesouraria e Controladoria exercem papéis distintos dentro das empresas, ainda que estejam fortemente interligadas. A primeira é a responsável direta pela gestão do fluxo de caixa, administrando as contas a pagar e a receber, além das operações de captação e empréstimo de recursos.
Foto: Let’s Money
“É a área mais ‘mão na massa’, voltada para o dia a dia financeiro da empresa”
Diante disso, a Tesouraria lida diretamente com entradas e saídas de recursos, sendo essencial para manter a liquidez da operação e garantir o cumprimento dos compromissos financeiros no curto prazo.
A Controladoria, por outro lado, atua com foco na gestão e no planejamento. Ela é responsável por elaborar o orçamento da empresa e acompanhar sua execução ao longo do tempo, analisando se os resultados estão alinhados ao que foi projetado. “É a parte que trabalha com o DRE, com foco em desempenho e previsibilidade”, acrescentou.
Guirro também comenta que, no que se refere à captação de recursos, muitas pessoas costumam citar a poupança como exemplo mais simples. No entanto, os bancos contam com diversas formas de captar dinheiro, não se restringindo a essa modalidade tradicional.
“Eles podem, por exemplo, montar fundos fora do país a uma taxa menor do que a praticada no Brasil. Também podem captar com base na Selic, utilizar títulos públicos ou privados, emitir CDBs e até operar com derivativos, inclusive os mais complexos, chamados de exóticos”
Essa distinção é digna de nota pela sua capacidade de ajudar a compreender também o funcionamento interno dos bancos (que trabalham apenas com a poupança como fonte de captação, conforme lembrou o entrevistado), sobretudo no que diz respeito à captação e à aplicação dos recursos.
“Eles têm uma gama gigantesca de produtos com os quais captam e emprestam dinheiro. Pode ser via CDB, emissão de títulos, derivativos, inclusive derivativos exóticos, ou até fundos criados fora do país, onde se consegue taxas mais atrativas do que as praticadas no Brasil”
É importante ressaltar, claro, que essa lógica,exige um equilíbrio constante entre captação e liquidez.
“Se uma pessoa deposita R$ 10 mil hoje, o banco pode pegar esse valor e usá-lo em um financiamento imobiliário de dez anos, ou fracionado para renovação anual. Se amanhã essa pessoa quiser sacar os R$ 10 mil, o banco precisa ter mecanismos para honrar esse resgate”
Painel atualizado
Manter uma visão clara e atualizada sobre a posição financeira da empresa é essencial para decisões estratégicas mais assertivas. Essa é a avaliação faz sentido dado o que Guirro comentou sobre a importância de painéis consolidados de tesouraria, como o relatório Panel Display utilizado na Quadra. Com o relatório correto, é possível analisar em detalhes a performance dos ativos, com dados precisos sobre a marcação a mercado no fechamento diário.
“O que o pessoal almeja na tesouraria é ter um painel atualizado para saber realmente qual é a posição, quanto vale a empresa e também onde está ganhando ou perdendo dinheiro [...] No final do dia, eu consigo ver: ‘Olha, nesse título aqui você está perdendo dinheiro, nesse outro está ganhando’. Então, aqueles 100 milhões que você teve no mês – se virou 120, mas perdeu 20 aqui – talvez, com uma mudança de estratégia, se você soubesse onde estava perdendo ou deixando de ganhar, teria sido diferente”
Conforme aponta o entrevistado, ainda que os conteúdos e prazos estejam dentro do previsto, esse tipo de acompanhamento permite à tesouraria “fazer um uso mais eficiente do dinheiro”. A análise constante da posição permite ajustes de rota que impactam diretamente nos resultados financeiros da empresa.