O Pix virou alvo de críticas de empresas norte-americanas. Em documento enviado ao Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR), o Conselho da Indústria da Tecnologia da Informação (ITI) — que reúne gigantes como Visa, Mastercard, Amazon, Google, Apple, Microsoft, Meta, IBM e Nvidia — acusou o BC de atuar ao mesmo tempo como regulador e concorrente, criando uma situação de "competição desigual".

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo
A manifestação ocorre no contexto de um inquérito aberto pelo governo Trump sobre práticas comerciais brasileiras e pode abrir caminho para medidas de retaliação contra o Brasil.
O elogio antes da crítica
O documento reconhece o sucesso do Pix como ferramenta de inclusão financeira, destacando que a solução dobraria o volume de transações de fornecedores de pagamentos eletrônicos dos EUA desde seu lançamento em 2020. As empresas americanas também lembram que muitas delas firmaram parcerias para operar com o Pix no mercado brasileiro.
Mas, logo depois, as críticas se concentram no suposto conflito de interesses:
O BC define as regras do sistema financeiro e, ao mesmo tempo, opera o Pix, concorrendo com empresas privadas;
O regulador obriga os bancos a priorizarem o Pix em seus aplicativos, sem a mesma exigência para ferramentas privadas;
O BC teria acesso privilegiado a informações competitivas de empresas privadas, enquanto o Pix não estaria sujeito à mesma supervisão exigida do setor.
Impactos sobre big techs e bandeiras de cartão
O Pix é gratuito para pessoas físicas, enquanto cartões de crédito e débito cobram taxas. Esse ponto é visto como um dos principais fatores de impacto negativo para empresas como Visa, Mastercard e até big techs como a Meta, que opera pagamentos no WhatsApp.
Outro ponto levantado pela ITI é que redes de cartões americanas não podem iniciar pagamentos via Pix, o que restringiria sua atuação no mercado brasileiro.
"Competição desigual" e risco de retaliação
Segundo o ITI, a estrutura atual fere o princípio de "neutralidade competitiva" e contradiz melhores práticas internacionais. A associação defende que haja separação clara entre supervisão e operação de sistemas de pagamento.
Embora o documento esteja atrelado à investigação do USTR, a entidade sugeriu que a solução passe por diálogo bilateral entre Brasil e EUA.
Com informações do Estadão.