O Exército Brasileiro abriu processo administrativo para avaliar o rompimento de contrato com a fintech BK Instituição de Pagamento S.A. (BK Bank), suspeita de atuar como “banco paralelo” do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Foto: Divulgação / Exército Brasileiro
O contrato, assinado em 4 de agosto, previa o fornecimento de máquinas de cartão de crédito e débito para a Biblioteca do Exército, responsável pela venda de livros em lojas físicas, feiras e no site oficial. Avaliado em R$ 18 mil e com duração de um ano, o acordo agora está sob análise após a fintech ter suas contas bloqueadas em investigações da Polícia Federal e do Ministério Público.
Defesa do Exército e da fintech
Em nota à Rádio Itatiaia, o Exército informou que foi a própria empresa quem comunicou a impossibilidade de executar o contrato, o que motivou a abertura do processo. A corporação ressaltou ainda que a contratação ocorreu por dispensa eletrônica, em razão do baixo valor, e que a BK Bank apresentou toda a documentação exigida, além da proposta mais vantajosa.
Por meio de seus advogados, a fintech declarou ter sido “surpreendida” ao ser incluída nas operações, assegurou colaborar com as autoridades e reforçou que atua legalmente e é regulada pelo Banco Central.
Expansão no setor público e investigações
Levantamento da revista Piauí revelou que a BK Bank firmou 82 contratos com órgãos públicos desde 2019, que somam R$ 555 milhões. Entre os clientes estão Câmara dos Deputados, Senado, Correios e Serpro – estes dois últimos já suspenderam suas parcerias.
As investigações apontam que a fintech movimentou cerca de R$ 46 bilhões entre 2020 e 2024, parte ligada a fraudes no setor de combustíveis, incluindo venda clandestina de metanol e adulteração de produtos. A empresa, com sede em Barueri (SP), teria usado mecanismos típicos de fintechs para dificultar o rastreamento do dinheiro, sendo considerada peça-chave no esquema do crime organizado.