Longe de ser apenas uma “modinha tecnológica”, a nova onda de IA abriu espaço para conversas estratégicas entre áreas, inspirou times a revisitarem seus dados e fortaleceu a atuação da tecnologia como aliada direta do negócio. 

Na nova edição do podcast AWS Talk Show, a mediadora Aline Bassan, gerente de contas da AWS, conversa com Gabriela Tourinho, Diretora de IT e AI no BTG Pactual, e Thábata Sakurai, Diretora de IT e Dados no BTG Pactual, sobre como o boom da IA generativa tem provocado transformações profundas na cultura analítica do banco. 

Para Gabriela, o momento atual trouxe uma mudança de perspectiva: o interesse por IA generativa virou um ponto de partida para discutir dados com muito mais gente.

“O boom da IA generativa abriu muito o espectro de conversa que a gente consegue ter com outras áreas de tecnologia, com áreas de negócio e até com os nossos clientes. As pessoas estão mais interessadas em entender como os dados estão sendo usados e como tirar proveito disso”, afirmou Tourinho.

Segundo ela, é comum uma área de negócio chegar com uma ideia para usar IA generativa como um assistente virtual e, ao destrinchar a dor, perceber que existem diversas oportunidades complementares, como automação de tarefas, monitoramento ou modelos supervisionados.

“Quando você quebra a ideia em pedaços, vê que tem muita coisa ali que pode ser resolvida com machine learning clássico. Estamos usando a generativa como porta de entrada para aplicar outras soluções de dados e IA”, explicou a Diretora de IT e AI no BTG Pactual.

Esse novo olhar ampliado está abrindo espaço para uma cultura analítica mais madura. As áreas começam a se interessar mais por indicadores, engajamento e performance, e a tecnologia se fortalece como pilar estratégico.

“As áreas querem entender melhor como usar os dados que têm para monitorar resultados, tomar decisão. Isso está abrindo uma janela muito grande de possibilidades”, completou.

Para Thábata, o cenário atual exige uma atuação técnica robusta e ao mesmo tempo adaptável. Ela destaca o quanto o setor financeiro ainda lida com desafios de velocidade frente à constante evolução das ferramentas.

“Você constroi uma solução e, dois meses depois, surge uma ferramenta de big tech que faz a mesma coisa. A gente precisa estar muito antenado, testar, adaptar e migrar rápido. Isso nem sempre é simples num mercado bancário mais tradicional”, destacou Sakurai.

Mas no BTG, segundo ela, tecnologia não é um departamento à parte, é parte das decisões de negócio. “A gente participa do dia a dia, está junto das áreas com os mesmos objetivos. Isso faz toda a diferença para conseguir entregar valor com dados.”

Principais dicas para ter sucesso na IA Generativa

Transformar a IA generativa em valor real para o negócio exige mais do que aderir à tecnologia do momento. Para Gabriela Tourinho, o ponto de partida é ter clareza sobre o problema que se quer resolver.

“Você precisa ter boas premissas, entender de onde está partindo e para onde quer ir. Qual é a dor que a IA está resolvendo? Em que ponto do processo ela entra? O que você quer melhorar ali?”, questionou Tourinho.

Ela destaca a importância de desenhar um bom framework de experimentação, com métricas bem definidas, e alerta para o risco de superestimar a tecnologia: “A IA generativa não é um gênio da lâmpada. Ela tem limitações. É preciso alinhar expectativas com as áreas de negócio.”

Além disso, é essencial trabalhar com responsabilidade, com estratégias de mitigação de riscos, especialmente em contextos corporativos. Thábata aponta que manter-se atualizada é parte do jogo. No BTG, essa atualização vem também com o apoio de parceiros como a AWS, que ajudam a construir arquiteturas mais eficientes e seguras.

Como evitar erros e não perder o controle

Com o volume acelerado de lançamentos e novidades no universo da IA generativa, é fácil se perder em testes e perder o foco do que realmente importa.

“Cada pessoa do time precisa entender qual é a sua missão e em que contexto está inserida. É isso que garante que a inovação não vire só experimentação pela experimentação”, explicou Tourinho.

A executiva defende um ambiente de liberdade e protagonismo, no qual todos se sentem à vontade para sugerir novas ideias. “Tem muita ferramenta nova surgindo, muita coisa sendo criada pela comunidade. A gente precisa filtrar o que realmente tem potencial de transformar”. 

Um novo capítulo para os dados e para a IA

O BTG Pactual já começa a colher os frutos da aposta em inteligência artificial generativa. Um dos destaques é o lançamento recente de um assistente virtual bancário no WhatsApp, que interage com clientes por texto, áudio e imagem, simplificando o acesso a informações e operações do dia a dia.

“É o começo da revolução dos agentes generativos. Estamos muito contentes com os resultados”, pontuou Gabriela Tourinho.

Para os próximos anos, a expectativa é que o uso de IA deixe de ser uma interação pontual para se tornar uma experiência com agentes autônomos, capazes de planejar, decidir e executar tarefas com base em objetivos.

“A IA generativa democratizou o uso da tecnologia. Agora a gente caminha para uma nova etapa: a hiperpersonalização em escala e a atuação de agentes realmente inteligentes nas jornadas dos clientes”, completou Gabriela.

Thábata Sakurai reforça a tendência de aproximação entre times técnicos e áreas de negócio. “Cada vez mais, o usuário precisa ser menos técnico para aplicar suas análises. Isso tem aproximado a engenharia de dados dos times de negócio e é graças a essa evolução que as transformações estão ganhando tração”.

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