Advogados não estão no topo da lista de clientes preferidos dos bancos. Receita irregular, risco alto, perfil litigante e um histórico de relacionamento quase sempre ruim com as instituições financeiras. Mas para a Jusfy, lawtech avaliada em US$ 30 milhões, esse é justamente o mercado mais promissor para lançar sua própria fintech.

Rafael Bagolin, fundador da Jusfy | Foto: Divulgação
Fundada em 2021 e operando no breakeven desde o início, a Jusfy ganhou fôlego extra com uma rodada pré-Série A neste ano. O valor não foi divulgado, mas o efeito é claro: time ampliado de 40 para 72 pessoas, base de clientes que saltou de 27 mil para 47 mil e a contratação de executivos experientes como Renato Sacramento (ex-Hotmart) e Emanuela Araujo (ex-Sami Saúde).
A fintech da Jusfy estreia em setembro com antecipação de recebíveis e cartões de crédito e débito. O diferencial competitivo está no acesso a dados profundos sobre o histórico e a atuação de seus clientes de movimentações financeiras a padrões de recebimento e resultados processuais. Essa “vantagem informacional” pode reduzir inadimplência e permitir taxas mais agressivas, algo que o modelo de crédito tradicional não consegue replicar.
Tokenização como próxima fronteira
O roadmap financeiro da Jusfy inclui blockchain e tokenização de processos judiciais ou valores de indenizações como garantias para empréstimos. No Brasil, esse tipo de ativo alternativo ainda é pouco explorado, mas pode abrir um novo mercado para operações de crédito mais flexíveis.
Hoje, a Jusfy oferece 26 soluções para advogados, como a IA jurídica JusGPT, o buscador Jusfinder e calculadoras de liquidação de sentenças. Com mais de 1 milhão de consultas e 600 mil cálculos realizados apenas no primeiro semestre, a base de dados cresce rápido.
A tese é clara: usar esse conhecimento para criar um “banco vertical” que atenda de forma precisa um público ignorado pelos grandes players.
Se der certo, a Jusfy pode se tornar um case de como dados proprietários e capilaridade de nicho são vantagem real no mercado financeiro.
Em um setor saturado de carteiras digitais e contas genéricas, a próxima disrupção pode vir de players que sabem tudo sobre um público muito específico e transformam essa informação em crédito.
Com informações do “Startups”.