O painel “O novo mercado de recebíveis: cartões e duplicatas”, promovido pela BMP no Febraban Tech 2025, reuniu nomes importantes do setor para discutir os caminhos da inovação nos fluxos de pagamento e crédito. A mediação ficou por conta de Luiz Caetano (BMP), que conduziu o bate-papo entre Rafael Pedrão, da Núclea, e Lincoln Rocha, da Pagos.

Foto: Reprodução / YouTube

O encontro aconteceu em um momento-chave para o setor. Recentemente, foram entregues os manuais técnicos das convenções das escrituradoras que atuarão no registro das duplicatas escriturais — a versão digital da duplicata mercantil, criada por lei em 2018. A digitalização permitirá rastreabilidade, autenticidade e compartilhamento de informações com maior segurança, abrindo espaço para mais competição e crédito.

Para Lincoln Rocha, o processo de transformação já é visível no mercado de cartões: “O mercado de cartões amadureceu muito. Hoje, as inconsistências estão abaixo de 2%. Agora, nosso foco é estruturar o mercado de duplicatas, trazendo as mesmas condições de segurança e transparência.”

Segundo ele, o Banco Central acertou ao dar mais poder ao varejista na gestão dos próprios recebíveis. “O objetivo do registro é justamente permitir que o dono daquele recebível vá ao mercado com segurança para buscar o melhor preço. O que está sendo construído é um modelo que quebra monopólios e fortalece quem de fato gera o crédito.”

Pix muda o jogo, mas ainda tem desafios no crédito e na conciliação

Um dos pontos centrais do debate foi o impacto do Pix no mercado de cartões. Rocha foi enfático ao dizer que o débito tende a desaparecer.

“O Pix resolveu em dois segundos o que o mercado não conseguiu em anos: ampliar o uso do débito no e-commerce. Com o Pix por aproximação, o débito vai acabar. E o boleto, que já foi amassado, também será triturado”, projetou Rocha.

No entanto, ele pondera que o crédito ainda é uma barreira para o Pix superar no B2B. “No mercado PJ, o Pix ainda não resolve o problema do crédito. Ele será um canal, mas quem vai resolver mesmo são as instituições preparadas para isso.”

Já Rafael Pedrão destacou um ponto técnico importante para o avanço do Pix na indústria: “O boleto ainda é muito eficaz na conciliação. O Pix ainda precisa melhorar nisso. Quando conseguirmos resolver esse ponto, o uso do Pix como fluxo nas empresas vai crescer ainda mais.”

Duplicata escritural traz potencial de democratização do crédito

Pedrão destacou que a duplicata escritural pode destravar o acesso ao crédito com mais transparência e competição:

“A duplicata escritural nasce forte. Permite ao sacador montar uma agenda, compartilhar com quem quiser e criar um mercado mais competitivo. Para o investidor, como um FIDC, ter acesso a dados como notas fiscais atreladas e visão consolidada de duplicatas é ouro puro.”

A expectativa é que a combinação entre a duplicata digital e regulações, como a CVM 175, aumente o volume e a segurança das operações. Lincoln Rocha concluiu o painel reforçando a importância de abrir o mercado com igualdade de condições.

“Temos participado de forma ativa e transparente. A ideia é que todos os participantes possam competir de forma justa, inclusive fintechs. Quanto mais acesso e transparência, mais capital entra e mais o mercado cresce”.

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