Bom dia

Por muito tempo, a inteligência artificial em finanças foi sinônimo de atendimento automatizado e análise de crédito. Mas essa fase já ficou para trás. A Anthropic acaba de apresentar o Claude for Financial Services, uma IA que entende o jargão, acessa bases críticas como Snowflake e S&P, roda simulações financeiras e documenta tudo com rastreabilidade.

Mais do que um modelo técnico, Claude é um copiloto real para decisões estratégicas. E o mais interessante? Já está sendo usado por fundos soberanos, seguradoras e gestoras, antes mesmo dos bancos entrarem no jogo.

Na Let’s Money de hoje:

  • 🧠 Claude entra no cockpit das finanças - Anthropic lança IA especializada no setor financeiro e inaugura nova fase da automação regulada. A era do copiloto começou.

  • 💰 Citi revela plano para stablecoin bancária - Banco aposta em depósitos tokenizados e quer transformar FX e liquidação global em infraestrutura cripto-institucional.

  • 💳 Google Pay avança com cartão de crédito na Índia - Big Techs deixam a retaguarda e entram de vez no crédito. O que o Google está fazendo e o WhatsApp ainda não?

A Let’s Money é a newsletter que te conta tudo o que é mais interessante da indústria financeira, de forma organizada e de graça 😁

PAYMENTS

O Copiloto que pensa como CFO

A IA agora fala a língua dos bancos. E não apenas dos bancos, mas dos reguladores, dos gestores, dos compliance officers e até dos devs de planilha.

Arte - Let’s Money

A Anthropic, criadora do Claude, acaba de lançar uma solução de IA feita sob medida para o setor financeiro. Não é apenas mais um modelo com mais tokens ou benchmarks melhores. É uma virada de chave: uma IA que nasce dentro das engrenagens da indústria mais regulada do planeta.

Claude for Financial Services conecta, numa mesma interface, fontes críticas como Snowflake, S&P Global, FactSet, Morningstar e PitchBook. O modelo verifica, audita e documenta, e se transforma num copiloto para decisões de risco, investimento, compliance e estratégia.

Um copiloto que já opera no campo

A Anthropic está entre as primeiras a tirar os "agentes de IA" do laboratório e colocá-los diretamente no cockpit das operações financeiras. Claude já é capaz de:

  • Criar simulações de Monte Carlo com trilha de auditoria

  • Resumir conferências de resultados com links verificáveis

  • Gerar modelos financeiros complexos direto do Excel ou Snowflake

  • Apoiar processos regulatórios e decisões de subscrição com base em dados confiáveis.

O diferencial não está só na técnica, mas na mentalidade: Claude não substitui pessoas, ele reposiciona o capital humano. Tira o analista do trabalho braçal e o coloca onde realmente importa: na interpretação, no julgamento, na estratégia.

O impacto já chegou

Claude está sendo usado por nomes de peso e com resultados práticos:

  • AIG reduziu o tempo de subscrição em 5x e aumentou a precisão de 75% para 90%

  • NBIM, fundo soberano da Noruega, economizou 213 mil horas com automações

  • Bridgewater simplificou o workflow de analistas com ajuda do Claude Code

  • Commonwealth Bank of Australia adotou o modelo como parte de sua estratégia de transformação bancária

E tudo isso vem com um compromisso de segurança: os dados dos clientes não treinam o modelo, e a infraestrutura é suportada por AWS e Google Cloud.

Mais do que uma nova ferramenta, Claude representa um novo modelo mental de trabalho em finanças e uma mudança no jogo da IA.

Se antes as big techs queriam dominar o e-commerce, agora o plano é mais ambicioso: ser o cérebro do sistema financeiro global. A Anthropic deu o primeiro passo concreto, o de verticalizar sua IA e dominar o contexto técnico, os dados e os fluxos críticos da indústria financeira.

Enquanto Google e OpenAI ainda focam em produtividade ampla, a Anthropic foi direto no nervo da operação financeira. E chamou atenção pelos seus primeiros clientes: gestoras, seguradoras, fundos soberanos e não bancos. O movimento, curiosamente, começa pelo topo.

E o Brasil?

Por aqui, ainda vivemos a era das "fintechs com IA",  geralmente ferramentas genéricas aplicadas a atendimento, cobrança ou análise de crédito. Poucos players têm infraestrutura para operar IA regulada em grande escala. Mas o alerta está dado: quem não começar a testar, ficará para trás. A nova métrica da inovação em finanças não é mais o time to market, e sim o tempo de impacto.

“A IA em finanças não se trata de substituir pessoas. Trata-se de redirecionar o capital humano — mudando os analistas da extração para a interpretação, do trabalho pesado para a estratégia.”
— Trecho da apresentação oficial da Anthropic

O que você precisa saber do Mundo 🌍

PAYMENTS

Citi revela plano para stablecoin

Esqueça startups: o dólar digital pode nascer dentro dos grandes bancos.

Na última teleconferência de resultados, a CEO Jane Fraser foi direta: o Citi avalia emitir sua própria stablecoin, mas o verdadeiro foco está nos depósitos tokenizados. O banco já os utiliza em circuito fechado, com liquidação instantânea, 24/7, sem necessidade de pré-financiamento.

A próxima etapa é transformar isso em infraestrutura padrão do sistema financeiro. Enquanto players como a Circle gastam anos lutando por clareza regulatória, o Citi se posiciona para colher os frutos do Genius Act, projeto de lei que deve liberar bancos para atuarem com cripto em condições equitativas. A visão é clara: os depósitos onchain se tornam a nova camada de liquidação global. FX instantâneo, stablecoins bancárias, títulos tokenizados, tudo pode se ancorar nessa arquitetura.

Para Fraser, isso já está acontecendo em tempo real. E tem mais: rampas institucionais, gestão de reservas, tokenização de depósitos e consórcio bancário. O jogo não é mais banco vs. cripto. É stablecoin bancária vs. stablecoin privada. E os bancos querem vencer com regras próprias.

NÚMERO

O ano das stablecoins

PAYMENTS

Google Pay prepara cartão de crédito com o Axis Bank

Big Techs saem da retaguarda e entram de vez no jogo regulado.

O Google Pay, segundo maior app de pagamentos da Índia, está desenvolvendo um cartão de crédito co-branded com o Axis Bank, e isso representa bem mais que um novo produto. É a guinada de uma Big Tech que evitava o setor regulado e agora decide intermediar crédito diretamente, em um dos mercados mais estratégicos do mundo.

O movimento acompanha uma tendência entre as fintechs locais que operam na rede UPI: já que o governo mantém os pagamentos gratuitos, o crédito virou a principal alavanca de monetização. O Google Pay já oferece empréstimos pessoais e até de ouro via parceiros como a Muthoot Finance. Com o cartão, avança para a captura direta de valor no ciclo do crédito, sem depender só de terceiros.

E a comparação é inevitável: enquanto o WhatsApp patina desde 2020 para expandir sua presença financeira na Índia, o Google acelera com uma abordagem mais pragmática e regulatória. A diferença pode ditar os rumos da regulação de Big Techs em mercados emergentes, inclusive o Brasil.

Entrevista

MARCOS GUIRRO (DIRETOR EXECUTIVO DA QUADRA SOFTWORKS)

Nos vemos na próxima edição!

Agora todas terças e sextas.

Abraços,

Equipe Let’s Money

Keep Reading

No posts found