
Bom dia!
O mundo financeiro está em mutação acelerada, mas quem está no centro da revolução?
Os grandes bancos, sim. Mas, curiosamente, também estão lá as fintechs ressuscitadas, como a Neon.
Na Let’s Money de hoje:
🔍 Crédito regulado, digital e acessível: com apoio do Banco Mundial, Neon aposta em Pix parcelado e consignado privado para ampliar o acesso de milhões de brasileiros.
📊 MiCA vs GENIUS: Europa e EUA avançam com marcos regulatórios distintos, mas convergentes. Enquanto o BBVA já vende Bitcoin no app, a Lei GENIUS consolida o dólar como ativo digital padrão.
🌐 Circle + Ant: a gigante de Jack Ma deve integrar o USDC à sua blockchain, abrindo caminho para pagamentos on-chain em escala global — e o Brasil já tem peça nesse jogo.
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PAYMENTS
💸 Com Banco Mundial, Neon quer democratizar crédito

A Neon está reformulando sua ambição: não é mais “só” ser uma fintech com app moderno e cartão grátis. Após anos de prejuízo e uma virada operacional em 2025, o plano agora é usar crédito como alavanca de inclusão financeira para as classes B, C e D, com apoio de pesos-pesados internacionais.
A fintech acaba de anunciar a conclusão de sua rodada Série E, que captou R$ 720 milhões ao todo. Mas o dado mais relevante não está no valor, e sim nos investidores: entraram na rodada a IFC (ligada ao Banco Mundial) e a DEG (ligada ao banco estatal alemão KfW), dois dos maiores financiadores globais de desenvolvimento econômico. É uma sinalização clara de que o foco da Neon mudou e passou a mirar impacto social com escala.
Com isso, a empresa busca se posicionar como hub de crédito acessível e digital, ancorado em três pilares: Pix parcelado, consignado para trabalhadores CLT e IA. A ideia é romper com o histórico de inadimplência e destravar demanda reprimida com mais segurança para ambos os lados.
Como será esse modelo?
• Pix como porta de entrada
A Neon vê o Pix Garantido e o Pix Parcelado como produtos centrais na estratégia de crédito. São instrumentos que combinam agilidade com risco controlado e que têm potencial para se popularizar no varejo e entre informais, ajudando na fidelização e monetização da base.
• Crédito com desconto em folha privada
Por meio do programa Crédito ao Trabalhador, voltado a empresas da iniciativa privada, a Neon já emplacou uma carteira relevante de consignado, e agora quer dobrar de tamanho até 2026. A meta é atender empresas de médio porte com soluções de crédito integradas ao RH. Segundo o CFO, Jamil Marques, a nova modalidade tem potencial para capturar o público CLT fora da esfera pública e oferecer taxas mais sustentáveis.
• Inteligência Artificial para crédito com propósito
Com mais de 25 milhões de contas abertas, a fintech aposta em IA para análise de comportamento, precificação de risco e personalização de ofertas. O foco não é só escalar, mas evitar um novo ciclo de inadimplência como o de 2023.
A entrada dos fundos de impacto ocorre justamente no momento em que a Neon reverteu prejuízo: lucrou R$ 9,3 milhões no 1º tri de 2025 e encerrou o ciclo com mais de R$ 1 bilhão em caixa. O comando agora é de Fernando Miranda, ex-VP do Nubank e ex-CEO da Easynvest, que substituiu Pedro Conrade no fim de 2024.
Para o mercado, o recado é duplo: fintechs voltaram a captar e a tese de impacto com viés rentável voltou à mesa dos investidores.

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PAYMENTS
🧭 MiCA vs GENIUS: dois caminhos para o futuro cripto regulado
Europa normaliza, EUA protegem o dólar, e o Brasil ainda estuda. Dois marcos regulatórios estão moldando o futuro da criptoeconomia global — cada um à sua maneira.
Na União Europeia, o MiCA está em vigor desde janeiro e já mostra impacto concreto: o BBVA se tornou o primeiro grande banco europeu a permitir compra e custódia de Bitcoin e Ether dentro do app bancário principal, lado a lado com contas e hipotecas. É o início de um novo tipo de produto regulado — cripto bancária integrada.
Nos EUA, o foco é outro: proteger o dólar como referência global. A recém-aprovada Lei GENIUS cria um regime específico para stablecoins de pagamento, com colateral obrigatório e supervisão em camadas. A expectativa é que, junto com a aguardada Lei CLARITY, o país construa uma base jurídica que permita a bancos americanos competir com o que o BBVA já oferece na Europa.
Enquanto isso, o Brasil ainda debate. O marco legal dos ativos digitais menciona stablecoins de forma genérica, mas faltam regras detalhadas. Segundo Diego Perez, presidente da ABFintechs, o país caminha para uma regulação principiológica, com avanços pontuais via Banco Central e Congresso. Mas sem um regime específico como MiCA ou GENIUS, seguimos no vácuo para cripto bancária integrada.
“Diferente de Europa e EUA, aqui é um pouco mais fragmentado. Aqui no Brasil tem o marco legal dos ativos digitais, que já está vigente e faz alguma menção de stablecoins, mas de maneira muito superficial. Existe uma consulta pública do Banco Central que já foi encerrada, mas está em fase de debates internos para digerir os inputs do mercado no sentido de regulamentar as transferências de recursos entre nações e também faz a menção de stablecoins. E existe um projeto de lei na Câmara que traz uma espécie de piso regulatório, piso legislativo, para trazer a regulação das stablecoins no Brasil. Não seria algo muito tenso, detalhado, aprofundado, como são os instrumentos emitidos pela União Europeia e pelos Estados Unidos, mas seria algo um pouco mais principiológico. Que traz obrigações, deveres, limites, prazos, enfim, intenções, objetivos, com base nesse texto legal”, explicou Perez com exclusividade à Let’s Money.

NÚMERO
Redes globais de cartões trilionárias

Redes globais de cartões processaram US$ 36,741 trilhões em volume de compras em 2024 🤯
E é quase uma divisão uniforme entre Crédito (51,27%) e Débito (48,73%).
► Melhores jogadores em crédito:
1️⃣ Visto 2️⃣ UnionPay 3️⃣ Cartão Mastercard
► Melhores jogadores em débito:
1️⃣ UnionPay 2️⃣ Visto 3️⃣ Cartão Mastercard
De acordo com Marcel van Oost:
► A Visa lidera em volume de crédito por uma ampla margem.
► A UnionPay domina o volume de débitos globalmente.
► O mercado permanece incrivelmente concentrado, mas com nuances no uso de crédito e débito.
Fonte: Nilson Report

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PAYMENTS
🌏 Ant + USDC: stablecoins ganham escala (e chancela) global
A divisão internacional do Ant Group, gigante financeiro apoiado por Jack Ma, deve integrar o USDC, stablecoin da Circle, à sua blockchain proprietária, movimentando uma rede que processa mais de US$ 1 trilhão em pagamentos por ano. A medida só será implementada após a certificação do token sob as novas regras federais dos EUA, com base na lei GENIUS, e deve consolidar o USDC como a principal stablecoin regulada no mundo.
A escala é inédita: cerca de um terço desses pagamentos já são liquidados on-chain, e a plataforma da Ant suporta, além do USDC, a tokenização de ativos reais e o uso de moedas digitais de bancos centrais, como o yuan digital. A empresa também está solicitando licenças de stablecoin em Cingapura, Hong Kong e Luxemburgo, apostando num modelo interoperável de finanças digitais.

Foto: Cointelegraph
No Brasil, a Circle atua por meio de parceria com a Matera, permitindo que bancos e fintechs integrem o USDC em carteiras digitais com saldo em tempo real, convertendo entre reais e dólar tokenizado para pagamentos internacionais, cartões e investimentos. É mais uma peça no tabuleiro que coloca as stablecoins no centro da infraestrutura financeira global de forma regulada e com escala corporativa.

ENTREVISTA
CHRISTINA HUTCHINSON, DA NIUM

Nos vemos na próxima edição!
Agora todas terças e sextas.
Abraços,
Equipe Let’s Money
