Acabou-se o tempo em que o Open Finance ainda era visto com desconfiança por parte do mercado e dos usuários, pelo menos é o que aponta Bruno Loiola, cofundador da Pluggy, empresa que atua como infraestrutura de integração bancária e fornece uma API que permite que bancos, fintechs e empresas de software integrem dados de contas de diferentes instituições em um único lugar.

Foto: Let’s Money

O que é buscado pela empresa é viabilizar soluções financeiras mais inteligentes e adaptadas ao perfil do usuário. É justamente essa integração que tem sido cada vez mais utilizada na automação de rotinas, especialmente no universo das pequenas e médias empresas (PMEs). Ao podcast da Let’s Money, o executivo aponta que uma verdadeira revolução estaria acontecendo entre os clientes PJ.

“E a gente está fazendo essa virada agora. Os próprios números do Open Finance mostram isso, né? Não só em relação ao número de consentimentos, mas também aos casos de uso que estão surgindo. Fala-se muito da pessoa física, que realmente tem um valor. A gente tem vários clientes utilizando dados da pessoa física, e acho que houve uma evolução maior aí, até pelo volume maior”

-Bruno Loiola , cofundador da Pluggy

Open Finance no segmento corporativo teria atingido o que no jargão das startups se chama de product-market fit, ou seja, encontrou um encaixe claro entre produto e demanda. 

“Os dados da pessoa física se estabilizaram ou melhoraram de forma mais acelerada do que os da pessoa jurídica. Mas a gente vê que existem dores sendo resolvidas agora no PJ. Dois anos atrás a gente achava que já estava nesse ponto, mas agora realmente é um momento muito interessante, porque, se for pensar, virou praticamente um padrão nos sistemas de gestão”

-Bruno Loiola , cofundador da Pluggy

Nesse ponto, a Pluggy não entrega apenas os dados brutos, mas trabalha para normalizá-los, padronizá-los, categorizá-los e organizá-los de forma útil para os sistemas que consomem a informação. Com isso, os mais distintos profissionais conseguem visualizar suas finanças de forma eficiente.

“Imagina que essa pequena PME sempre foi, de alguma forma, negligenciada pelos grandes bancos. Obviamente, nos últimos anos surgiram vários bancos e sistemas preparados para atender a PME. Porém, era uma área que não tinha muita atenção. Se existem esses 8.000 sistemas de gestão, é porque eles lutaram muito para ter algo parecido com um SAP, parecido com esses sistemas das grandes empresas [...] Mas agora, essa pequena empresa pode ter acesso, através do Open Finance, a produtos bancários muito bons, serviços financeiros muito bons, e também, dentro do seu sistema, ter a centralidade da vida financeira do cliente”

-Bruno Loiola , cofundador da Pluggy

E o controle remoto?

Na visão do entrevistado, os sistemas de gestão financeira das PMEs se encontravam isolados dos bancos, sem comunicação direta e exigindo “alt tabs” constantes. Para resolver essa questão, a Pluggy tem oferecido o que ele chama de “controle remoto dos bancos”, que seria uma integração que permite que o sistema de gestão opere também como interface bancária. 

“Na Pluggy, a gente permite que os nossos clientes, os sistemas de gestão, especialmente os focados em gestão financeira, tenham um ‘controle remoto’ dos bancos. Imagina que, há 20 anos, a gente tinha só a televisão. Você tinha um controle remoto para a televisão, um controle para o DVD, outro para cada aparelho. Eram vários controles, com um milhão de botões, para você conseguir fazer a gestão, que obviamente não era otimizada”

-Bruno Loiola , cofundador da Pluggy

Atualmente, embora o banco seja o canal onde ocorrem as operações financeiras, esse processo nem sempre é otimizado. O empreendedor precisa alternar entre janelas, consequentemente perde tempo, e os dados não estão disponíveis em tempo real. 

Considerando que o ERP, ou sistema de gestão financeira, funciona como o verdadeiro sistema operacional da empresa, onde a informação nasce e morre, o banco deveria atuar apenas como um acessório, segundo Loiola. O ideal seria que todas essas informações estivessem unificadas e centralizadas em um único sistema. 

“É assim que o PJ se sente hoje. Ele tem um sistema que não conversa com o banco. O banco é onde ele faz as operações financeiras — e nem sempre isso é otimizado. Ele tem que ficar dando ‘alt-tab’, perde tempo, o dado não é em tempo real… ou seja, não é otimizado”

-Bruno Loiola , cofundador da Pluggy

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