A Perplexity, avaliada em US$ 18 bilhões, colocou sobre a mesa uma proposta de US$ 34,5 bilhões para comprar o Chrome do Google. A oferta não solicitada chega no embalo da pressão do Departamento de Justiça dos EUA, que quer obrigar o Google a se desfazer do navegador por abuso de posição dominante nas buscas online.

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O lance chama atenção por um detalhe: a Perplexity já levantou cerca de US$ 1,5 bilhão de investidores — valor muito distante do cheque que diz estar pronta para assinar. Mesmo prometendo manter o Chrome open source, preservar o Google como buscador padrão e investir US$ 3 bilhões no projeto, a proposta parece tão estratégica para a imprensa quanto para o negócio.
Mas, se o tribunal determinar a venda, o Chrome — com 68% do mercado global — se torna um ativo disputado por gigantes e fundos soberanos, elevando o preço para bem acima da oferta atual.
O valor estratégico dos dados
Para o mercado financeiro, o ponto não é só o navegador em si, mas a porta de entrada que ele representa para dados e tráfego de bilhões de usuários. Em um cenário de IA generativa e personalização extrema, controlar esse ponto de contato é controlar a mina de ouro dos próximos anos: dados de contexto e intenção.
O CEO da DuckDuckGo, segundo o “TechCrunch”, já estimou o valor do Chrome em mais de US$ 50 bilhões, o que colocaria a oferta da Perplexity como “pechincha”, ao menos no papel.
Seja como aquisição real, seja como jogada de posicionamento, o movimento sinaliza uma tendência: players de IA querem acelerar o acesso a grandes bases de usuários sem depender de gatekeepers. E isso pode abrir espaço para operações bilionárias onde regulação e estratégia se cruzam.
Se a disputa pelo Chrome virar leilão, não será apenas uma negociação de tecnologia — será um teste de quanto vale, no mercado, controlar a porta pela qual 2/3 da internet passam todos os dias.