O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reafirmou o impacto positivo do Pix na bancarização e inclusão financeira no Brasil. Ao contrário das especulações de que o sistema de pagamentos instantâneos poderia ter prejudicado outras formas de pagamento, como os cartões de crédito, Galípolo destacou que o Pix contribuiu para o crescimento das transações com cartões, ampliando o acesso ao sistema financeiro e fortalecendo a economia digital do país.
Foto: Banco Central
"O Pix não só promoveu a inclusão de milhões de brasileiros no sistema financeiro, mas também impulsionou o crescimento das transações com cartões de crédito, débito e pré-pago. Isso elimina qualquer ideia de que há uma rivalidade entre o Pix e os cartões," disse Galípolo, durante participação no Blockchain Rio 2025, nesta quarta-feira (6), no Rio de Janeiro, refutando a ideia de que o sistema de pagamento instantâneo tenha "canibalizado" outras formas de pagamento.
Galípolo também destacou o sucesso do Pix, que tem mostrado números impressionantes desde o seu lançamento. Com 858 milhões de chaves registradas, mais de 6 bilhões de transações realizadas em 2025 e R$ 2,8 trilhões movimentados apenas neste ano, o Pix consolidou-se como a forma de pagamento mais popular no Brasil.
Foto: Banco Central
"O Pix foi uma verdadeira revolução no Brasil, permitindo que mais de 159 milhões de pessoas físicas e 15 milhões de empresas se conectassem ao sistema financeiro formal. A inclusão financeira e o aumento da bancarização são evidentes em cada transação realizada," afirmou Galípolo.
Galípolo também reconheceu que o sucesso do Pix só foi possível graças à continuidade do trabalho entre as gestões do Banco Central. Ele chamou isso de “corrida do bastão”, referindo-se à transição coordenada entre os presidentes da autarquia que permitiu que o sistema de pagamentos fosse aprimorado de forma constante.
"Essa continuidade foi fundamental para o sucesso do Pix. Cada nova gestão no Banco Central fez sua contribuição, garantindo que o sistema de pagamentos fosse desenvolvido de forma estratégica, sem rupturas, e fosse capaz de se adaptar à evolução tecnológica e às necessidades do mercado," destacou.
Autonomia do Banco Central e sustentabilidade das inovações
Um dos pontos mais destacados por Galípolo foi a necessidade de autonomia financeira para o Banco Central, a fim de garantir a continuidade do trabalho de inovação sem comprometer o orçamento da instituição. Ele defendeu a PEC 65, que busca garantir maior autonomia orçamentária para o BC, permitindo-lhe continuar com seus projetos inovadores sem comprometer suas finanças.
"Inovações como o Pix trazem consigo custos de manutenção contínuos. Atualmente, a tecnologia já representa quase metade do nosso orçamento, o que nos coloca em uma posição desafiadora. A PEC 65 é essencial para que possamos continuar evoluindo e mantendo a sustentabilidade das nossas inovações," explicou.
O Futuro: Pix 2.0 e o Drex
Em relação ao futuro do Pix, Galípolo abordou os novos recursos que estão sendo desenvolvidos, como o Pix Parcelado, previsto para setembro, e o Pix em Garantia, que será lançado em 2026. Ele destacou a importância dessas atualizações para tornar o sistema ainda mais acessível e seguro.
"O Pix 2.0 não é apenas uma atualização, é uma evolução do sistema que permitirá mais opções para os consumidores e empresas, como o Pix Parcelado. A segurança também é uma prioridade, e o Pix em Garantia trará mais proteção para os usuários nas transações," afirmou.
Galípolo também falou sobre o desenvolvimento do Drex, a moeda digital do Banco Central. Segundo ele, o Drex não segue o modelo tradicional de CBDC, mas está focado na tokenização de ativos, o que permitirá maior facilidade nas transações financeiras e na colateralização de ativos.
"O Drex está mais relacionado à tokenização de ativos, o que irá reduzir custos nas transações e aumentar a eficiência das operações financeiras. Com isso, poderemos oferecer mais agilidade para o mercado e novos recursos para as empresas," explicou o presidente do BC.
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Com o Pix e o Drex, o Banco Central segue na vanguarda da transformação digital no Brasil, buscando não apenas aumentar a inclusão financeira, mas também garantir a segurança e sustentabilidade das inovações no longo prazo. Galípolo deixou claro que, para garantir o sucesso contínuo desses projetos, a autonomia financeira e a continuidade do trabalho institucional são fundamentais para o Banco Central não ser impedido pelas limitações orçamentárias.
"Nosso objetivo é garantir que o Banco Central continue sendo um agente de inovação responsável e sustentável, para que o Brasil siga sendo uma referência global em infraestruturas financeiras seguras e acessíveis," concluiu Galípolo.
A palestra de Galípolo no Blockchain Rio reforçou a importância do Pix como uma ferramenta estratégica para o Brasil e a evolução do sistema financeiro. A inovação está longe de ser concluída, e o BC segue determinado a avançar com novas soluções para fortalecer o país no cenário global de economia digital.