O Pix, criado pelo Banco Central em 2020, tornou-se uma das inovações mais impactantes da economia brasileira recente. Estudo do Movimento Brasil Competitivo (MBC) estima que o sistema gerou uma economia de R$ 106,7 bilhões a empresas e consumidores entre seu lançamento e junho de 2025.

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A conta considera duas mudanças de comportamento: a substituição de TEDs, que cobram tarifa, por transferências via Pix; e o uso cada vez mais frequente do Pix no comércio, em lugar do débito, aliviando as taxas pagas por lojistas.
Em apenas seis meses de 2025, o sistema já poupou R$ 18,9 bilhões. Se mantiver o ritmo, o Brasil pode economizar mais de R$ 40 bilhões por ano até 2030.
O Pix é só a primeira camada
O Banco Central não quer parar por aí. Segundo o Finsiders, o auditor João André Calvino Marques Pereira aponta que o Pix é apenas a “ponta do iceberg” do que está por vir. Estão no radar novas funcionalidades que conectam o sistema a casos de uso mais complexos: liquidação de boletos, pagamentos escalonados, e interações com sistemas de gestão e ERPs corporativos.
Mais do que um meio de transferência, o Pix está se moldando como infraestrutura. É a base para um novo ecossistema transacional, com menos intermediários, menos atrito e mais rastreabilidade.
Fim da TED à vista?
O próximo alvo é o uso empresarial. Hoje, grande parte das empresas ainda usa TED como padrão de pagamento. Mas o BC tem um plano para migrar essas operações para o Pix, reduzindo custos e ampliando eficiência.
O desafio? Convencer um mercado que se apoia em processos antigos, bancos que ganham com tarifas, e estruturas legadas de TI que dificultam integrações mais fluídas. Ainda assim, a direção está dada.
A outra fatura: segurança
Enquanto a economia gerada pelo Pix é comemorada, os custos indiretos crescem em outra frente: a segurança digital. Uma pesquisa do Datafolha revela que 24 milhões de brasileiros já foram vítimas de golpes com Pix ou boletos falsos. O prejuízo agregado chega a R$ 29 bilhões.
O número é maior do que as vítimas de roubo de celular, de assaltos ou de notas falsas. E mais grave: entre quem teve o celular roubado, 35% também sofreu golpe com Pix. O aparelho virou porta de entrada para fraudes com dados sensíveis, acessos bancários e chantagens.
Em um ano, 46 milhões de brasileiros receberam contato falso de centrais de segurança. Para muitos, o Pix virou sinônimo de risco.
Entre a eficiência e a vulnerabilidade
O Pix é, ao mesmo tempo, um dos maiores avanços e um dos maiores desafios do sistema financeiro. De um lado, moderniza, economiza e simplifica. De outro, exige uma cultura de segurança que o brasileiro ainda não incorporou.
Para o Banco Central, a próxima missão é garantir que o Pix avance sem que a fatura da segurança se torne insustentável. No final das contas, o Pix economiza mais do que TED, débito ou boleto. Mas talvez o que ele mais esteja cortando é a distância entre o dinheiro e o golpe.