No AWS Talk Show, executivas do BTG Pactual e da Dock discutem como IA, Open Finance e mudanças geracionais estão transformando o setor, e reforçam a importância do bom senso, da escuta e da humanização
A inteligência artificial, o Open Finance e a digitalização acelerada dos serviços financeiros vêm moldando um novo paradigma no setor. Mas, em meio a tantas transformações tecnológicas, uma pergunta segue essencial: onde entram as pessoas nesse cenário?
Esse foi o tom da conversa entre Juliana Roldan, sócia de Compras e Contratos no BTG Pactual, e Gabriela Szprinc, Chief Business & Product Officer na Dock, durante o AWS Talk Show, promovido pela Amazon Web Services.
O painel, mediado por Aline Bassan, gerente de contas na AWS, trouxe reflexões potentes sobre o papel da tecnologia na evolução do mercado financeiro e sobre os riscos de perder o equilíbrio entre eficiência e empatia.
“Existe uma disparidade, ainda existe. Às vezes a gente se sente arcaica, atrasada. Você fala: ‘Gente, mas eu estou na linha de frente de grandes empresas’. Acho que a questão geracional vem para superar isso, mas também gera uma dependência cada vez maior. É um caminho sem volta, bom ou ruim”, pontuou Roldan.
Gabriela completou com um dado que ilustra o cenário: vivemos, pela primeira vez na história, com sete gerações ativas ao mesmo tempo. E cada uma absorve tecnologia de forma distinta. “O desafio é criar soluções mais intuitivas, com foco real no cliente.”
Do carbono à nuvem: as revoluções que já vivemos
Boa parte da evolução tecnológica no setor financeiro aconteceu silenciosamente e com impactos profundos. “Quando entrei no banco, ainda usávamos cheque, compensação manual, máquina de cartão com carbono. Colocar um chip num cartão foi uma revolução. Fazer a primeira fatura por e-mail, também. A gente talvez não tivesse noção na época do quão transformador isso era”, salientou Szprinc.
Já Juliana relembrou sua trajetória trazendo marcos que definiram o período: “comecei comprando lata, depois comprei nuvem e hoje compro inteligência artificial. São marcos bem nítidos na minha trajetória. A tecnologia nos obriga a nos adaptarmos constantemente, e isso é bom”.
Se o Pix já está consolidado como um fenômeno de uso e inclusão, o mesmo ainda não se pode dizer do Open Finance. Segundo Gabriela, a tecnologia avança, mas o entendimento do público ainda é limitado.
“Diferente do Pix, o Open Finance ainda não foi tão bem entendido como ferramenta de inclusão financeira. Nós temos um desafio grande de educar o público sobre seus benefícios”, destacou Szprinc.
De acordo com ela, a principal ferramenta segue sendo o diálogo, o olhar para o cliente. “A IA traz um mundo de possibilidades, se bem utilizada. Amplia o nosso alcance, nossa forma de entender o cliente, de resolver problemas”, disse Gabriela.
Segundo Juliana, os grandes líderes não podem se empolgar com as tendências, pois o foco deve estar na “conta fechar”.
“Às vezes nos empolgamos com a tendência, mas no fim das contas, a matemática não mente. Pode ser a solução mais inovadora do mundo, mas se a conta não fecha, não dá. Existe algo chamado orçamento”, salientou Roldan.
“Estou disposta a sentar com o analista de compras mais experiente e com o de tecnologia. É um balanceamento entre o que faz sentido financeiramente, a estratégia da companhia e o conhecimento técnico”, completou.
Mas o recado final foi ainda mais profundo: a tecnologia não pode substituir o humano — apenas potencializá-lo. “Os robôs substituem tarefas operacionais. Mas as decisões que exigem bom senso, sensibilidade, escuta — essas continuam sendo humanas”, disse Szprinc.
No setor financeiro — e fora dele — a resposta para o futuro continua sendo feita de escolhas humanas, com a IA sendo um grande suporte para as grandes empresas