A Visa decidiu encerrar suas operações de open banking nos Estados Unidos. O motivo? Uma combinação de incertezas regulatórias, disputas sobre o direito de acesso aos dados dos consumidores e a crescente resistência dos bancos em compartilhar essas informações sem custo.

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O movimento marca uma guinada significativa: há cinco anos, a Visa tentou comprar a Plaid, referência em infraestrutura de dados financeiros, por US$ 5,3 bilhões — negócio frustrado por questões antitruste. Desde então, o foco virou a europeia Tink, adquirida por US$ 2 bilhões, e uma estratégia global com viés mais pragmático.

Dados sob disputa

No centro do impasse está uma regra proposta pelo CFPB (Consumer Financial Protection Bureau), que tenta garantir ao consumidor o controle sobre seus próprios dados — e impedir que bancos cobrem pelo compartilhamento dessas informações com fintechs.

Mas a resistência dos bancos é crescente. O JPMorgan Chase, por exemplo, estuda cobrar centenas de milhões de dólares pelo acesso às suas APIs. Para fintechs, isso inviabiliza modelos de negócio baseados em personalização, crédito alternativo ou gestão financeira via dados bancários.

Europa e LatAm na mira

Em comunicado, segundo a “Bloomberg”, a Visa afirmou que está “concentrando sua estratégia de open banking em mercados de alto potencial, como Europa e América Latina”. A escolha faz sentido: nesses mercados, a regulação é mais clara, o alinhamento entre players maior e o apetite por soluções digitais continua forte.

O recuo da Visa expõe uma fissura no discurso do open banking como tendência global. No fim do dia, dados valem dinheiro — e quem controla o acesso define as regras. Nos EUA, o mercado é gigante. Mas a fricção, também.

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