Dólar
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O Itaú Chile deu mais um passo relevante para consolidar sua estratégia em meios de pagamento ao anunciar a aquisição da Klap, empresa chilena de tecnologia de pagamentos, em uma transação avaliada em 40 bilhões de pesos chilenos (cerca de US$ 43,7 milhões). O movimento envolve a compra de 100% das operações da Multicaja e da I-Switch, responsáveis pela marca Klap, e está sujeito às aprovações regulatórias locais.

A operação foi comunicada à Comissão do Mercado Financeiro (CMF) do Chile e encerra um processo competitivo que atraiu diversos interessados. Com a conclusão do negócio, o Itaú passa a integrar de forma direta a operação de adquirência ao seu portfólio, reforçando uma estratégia cada vez mais comum entre grandes bancos da região: controlar toda a cadeia de pagamentos, da emissão à aceitação no ponto de venda.

Pagamentos como pilar estratégico

Segundo o Itaú Chile, a aquisição permitirá integrar de maneira mais coerente as capacidades de emissão, adquirência e serviços transacionais, fortalecendo um ecossistema próprio de pagamentos. A leitura do banco é que controlar a infraestrutura de aceitação se tornou essencial para competir em um mercado cada vez mais digital, orientado por dados e centrado nas pequenas e médias empresas.

“A aquisição da Klap representará um marco estratégico para o Itaú Chile. Uma vez finalizada, completaremos nossa proposta de valor, avançando rumo a um ecossistema abrangente de métodos de pagamento, serviços transacionais e soluções de financiamento”, afirmou André Gailey, diretor-geral do banco no país, segundo o “LatamFintech”.

A Klap opera no Chile desde 2021 e já conquistou uma participação de mercado de 8,4% em adquirência. A empresa conta com cerca de 30 mil pontos de venda afiliados, sendo aproximadamente 70% PMEs, e processa em torno de 80 milhões de transações por mês.

Para o Itaú, esse perfil reforça a ambição de aprofundar o relacionamento com pequenos e médios comerciantes, ampliando o acesso a pagamentos eletrônicos, crédito e soluções financeiras integradas.

Reposicionamento do mercado

Do lado vendedor, a transação também reflete um reposicionamento estratégico. A Sonda, que detinha 69,5% da Klap, ficará com a maior fatia do valor da venda e destacou que o desinvestimento permite concentrar recursos em áreas consideradas centrais para sua atuação de longo prazo.

A conclusão da operação ainda depende do aval da CMF, do Banco Central do Brasil e do órgão antitruste chileno, o Ministério Público Econômico Nacional. Uma vez aprovada, a compra posiciona o Itaú Chile em um patamar mais próximo ao de grandes players globais, que vêm internalizando adquirência e infraestrutura de pagamentos como parte essencial da estratégia bancária.

Mais do que uma aquisição pontual, o negócio sinaliza uma tendência clara no sistema financeiro latino-americano: bancos não querem apenas processar pagamentos, mas controlar a experiência, os dados e a relação com o comerciante. E, nesse tabuleiro, adquirentes e paytechs seguem no centro da disputa.

Gabriel Rios

Editor-chefe

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.