O Nordeste registrou o maior crescimento no uso de cartões de pagamento no Brasil no 1º semestre de 2025. A alta de 16,8% ficou quase 7 pontos percentuais acima da média nacional de 9,9% na comparação com o mesmo período de 2024. No restante do país, o avanço foi de 15,2% no Sul, 13,1% no Norte, 12,3% no Centro-Oeste e 3,2% no Sudeste, que acabou puxando a média do Brasil para baixo. No total, as compras com cartões de crédito, débito e pré-pagos somaram R$ 2,2 trilhões no semestre.
Cartões de pagamento: o que explica o salto
Segundo o Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), área de pesquisa do Banco do Nordeste, três vetores ajudam a explicar a performance regional: expansão do varejo, serviços em alta e desemprego em queda. O setor de serviços cresceu 2,5% no país, com taxas superiores em seis estados nordestinos — casos do Rio Grande do Norte (6,4%), Paraíba (6,0%), Ceará e Maranhão (4,2% cada). No mesmo intervalo, todos os estados do Nordeste reduziram o desemprego, com cinco deles atingindo os menores índices desde 2012. A taxa média de desocupação do Brasil recuou a 5,8%, o menor patamar da série.
O comportamento do consumidor também evoluiu. O cartão físico segue dominante e responde por 67% das transações, enquanto o contactless ganha terreno em todas as faixas etárias: 84% de uso entre 18 e 24 anos e 51% entre pessoas com 60 anos ou mais. A combinação de aceitação ampla, conveniência no checkout e familiaridade com o pagamento por aproximação tem sustentado o ritmo de crescimento.
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Efeito BNB na economia real
No recorte do Banco do Nordeste, os cartões de crédito do BNB movimentaram R$ 125 milhões entre janeiro e junho, alta de 4,6% na comparação anual. Já o Cartão BNB voltado à aquisição de itens financiados pela instituição somou R$ 1,9 bilhão em 7,8 mil transações, crescimento de 9% no volume e de 14,5% na quantidade. Os números indicam maior tração de operações ligadas a investimentos produtivos, ao mesmo tempo em que refletem o ambiente de renda e emprego mais favorável na região.
Com demanda firme, melhora do mercado de trabalho e adoção crescente do contactless, o Nordeste consolida um ciclo de consumo formalizado nos cartões de pagamento e tende a seguir como principal motor de expansão desse meio no segundo semestre.
Editor-chefe
Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.
