Foto: Reprodução
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A Finseta, empresa de soluções de câmbio e pagamentos, fechou parceria com a ClearBank para usar sua infraestrutura de clearing e contas multi-moeda. O objetivo: oferecer a clientes no Reino Unido, e futuramente na Europa, carteiras em libras e outras moedas, com liquidação rápida e acesso facilitado a pagamentos internacionais.

O movimento é parte de um padrão maior: pagamentos instantâneos e cross-border deixando de ser novidade e passando a ser infraestrutura básica, de acordo com informações do “Finextra“.

Clearing e pagamentos em tempo real por APIs

A ClearBank é um “banco de infraestrutura” que oferece contas, clearing e pagamentos em tempo real por APIs, permitindo que fintechs, empresas de câmbio e negócios digitais acessem tecnologia bancária sem construir um banco completo.

Para Finseta, isso significa poder oferecer aos clientes, pessoas físicas ou empresas, transferências internacionais com mais agilidade, eficiência e menores atritos de câmbio e compliance. A conta multi-moeda e o uso de IBAN virtual dão flexibilidade para operar com diferentes moedas sem complicação de bancos tradicionais.

O uso da ClearBank também acelera o “time to market”: bastou integração da API e a Finseta pôde oferecer serviços rapidamente, beneficiando clientes que precisam movimentar dinheiro entre países ou operar globalmente.

O impacto prático

Para empresas e e‑commerces que atuam internacionalmente, ou mesmo freelancers, consultores e pessoas com renda em moedas estrangeiras, a novidade representa uma mudança substancial. Com infraestrutura moderna de pagamentos e câmbio, transações internacionais podem ser feitas com mais rapidez, menor custo indireto e sem depender exclusivamente de bancos tradicionais ou correspondentes bancários.

No contexto europeu e britânico, em que sistemas como o Faster Payments Service (FPS) já operam 24/7 com liquidação instantânea, a adição de contas multi-moeda e APIs de clearing simplifica a operação para quem lida com múltiplas moedas ou precisa de transferências recorrentes.

Para as fintechs e startups de câmbio/multi-moeda, isso reduz barreiras de entrada. Não é mais necessário montar toda a estrutura bancária interna, basta integrar com a ClearBank. A economia de tempo, custo e complexidade pode acelerar a oferta de novos produtos financeiros e a internacionalização de serviços.

Riscos e limites ainda presentes

Apesar do potencial, o modelo depende de governança robusta, compliance e boa infraestrutura de dados e liquidez. Embora a ClearBank seja regulada no Reino Unido e Europa, operar com câmbio e multi-moeda ainda exige controles: variações cambiais, requisitos de KYC/AML, compliance internacional, e clareza para o cliente final sobre tarifas ou taxas escondidas.

Além disso, a oferta pode ter limitações de volume ou perfil: nem todas as empresas ou usuários estarão aptos para operar em múltiplas moedas. A combinação de câmbio + liquidação rápida + diversidade geográfica exige maturidade e estrutura operacional, o que pode restringir o alcance imediato.

Por que esse movimento é sintomático do futuro dos pagamentos

A aliança Finseta–ClearBank não é só mais um acordo de nicho, é reflexo de uma tendência global: pagamentos instantâneos, contas globais e liquidação em tempo real migrando de diferencial para requisito. Quem depender de velocidade, flexibilidade e operações internacionais vai buscar infraestrutura assim.

Esse tipo de solução tende a ganhar força não só no Reino Unido ou Europa, mas também em economias emergentes, inclusive o Brasil, conforme fintechs globais e empresas de tecnologia financeira buscam escalar operações e exportar serviços.

Se as regulamentações e infraestrutura local se adaptarem, esse modelo pode representar o futuro dos pagamentos internacionais: mais fluidez, menos barreiras, mais inclusão financeira não só em moedas nacionais, mas em sistemas globais.

Gabriel Rios

Editor-chefe

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.